Internacional

Israel assume ter bombardeado a casa de um dos líderes do Hamas na faixa de Gaza

Militares israelitas alegaram que a casa de Khalil al-Hayeh servia como "infraestrutura terrorista" do grupo. O ataque surge após o bombardeamento do edifício na cidade que albergava os escritórios da agência norte-americana Associated Press e de outros meios de comunicação

Milhares de manifestantes têm protestado contra os ataques na faixa de Gaza
MOHAMMAD ALI

Militares israelitas disseram este sábado ter bombardeado a casa de Khalil al-Hayeh, um dos líderes do Hamas, movimento que governa na Faixa de Gaza, alegando que a casa servia como parte do que classificaram como a "infraestrutura terrorista" do grupo.

Al-Hayeh é uma figura de topo da liderança política do Hamas em Gaza e o seu destino após o ataque não foi divulgado. Este ataque surge depois de um outro bombardeamento israelita ter destruído este sábado de manhã um edifício na cidade de Gaza que albergava os escritórios da agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) e de outros meios de comunicação social.

Os funcionários da AP e outros inquilinos evacuaram o edifício em segurança depois de os militares terem telefonado a avisar que um ataque estava iminente. Três mísseis atingiram o edifício de 12 andares, derrubando-o no meio de uma enorme nuvem de poeira. Durante 15 anos, o escritório da AP no piso superior e o terraço no telhado foram um local privilegiado para cobrir os conflitos entre Israel e o Hamas, incluindo as guerras em 2009 e 2014.

O exército israelita disse que o Hamas estava a operar dentro do edifício e acusou o grupo de utilizar jornalistas como escudos humanos, mas não forneceu quaisquer provas para sustentar as alegações.

O Comité para a Proteção dos Jornalistas sediado em Nova Iorque exigiu a Israel que apresente "uma justificação detalhada e documentada" para o ataque. "Este último ataque a um edifício há muito conhecido por Israel por albergar meios de comunicação internacionais levanta suspeitas de que as Forças de Defesa de Israel estão deliberadamente a atacar as instalações dos meios de comunicação para perturbar a cobertura do sofrimento humano em Gaza", disse o diretor executivo do da organização, Joel Simon.

Biden fala com o presidente palestiniano sobre os esforços diplomáticos de Washington face à escalada de violência em Gaza

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou hoje com o Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, sobre os "esforços diplomáticos" de Washington face à escalada de violência em Gaza, e salientou "a necessidade de o Hamas deixar de disparar contra Israel".

"Ambos os líderes discutiram as tensões atuais em Jerusalém e na Cisjordânia e expressaram um desejo comum de que Jerusalém seja um lugar de coexistência pacífica para pessoas de todas as crenças e origens", disse a Casa Branca, numa declaração.

A conversa com Abbas, a primeira desde que Biden tomou posse no início deste ano, surge no sexto dia de confrontos entre Israel e as milícias palestinianas na Faixa de Gaza e após a chegada à região, na sexta-feira, do enviado norte-americano que está a tentar mediar um cessar-fogo.

De acordo com a nota da Casa Branca, Biden "informou Abbas sobre os esforços diplomáticos dos EUA no atual conflito e salientou a necessidade de o Hamas parar de disparar foguetes contra Israel". O Presidente dos EUA salientou também "o seu apoio a medidas para assegurar que o povo da Palestina desfrute da dignidade, segurança, liberdade, e oportunidade económica que merece".

A nota da conversa com Abbas foi divulgada poucos minutos após outra declaração da Casa Branca sobre o apelo de Biden ao Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na qual expressou o "forte apoio" dos Estados Unidos ao direito de Israel de se defender dos ataques do Hamas.

Desde segunda-feira à noite, o Hamas disparou centenas de foguetes contra Israel, que retaliou com vários ataques contra a Faixa de Gaza. Em Gaza, pelo menos 139 pessoas foram mortas, incluindo 39 crianças e em Israel, oito pessoas morreram, incluindo um homem morto por um foguete que atingiu Ramat Gan, um subúrbio de Tel Aviv.

A mais recente escalada de violência começou em Jerusalém e espalhou-se pela região durante a última semana, com confrontos israelo-árabes e tumultos em cidades mistas de Israel. Houve também protestos palestinianos generalizados na sexta-feira na Cisjordânia, onde as forças israelitas alvejaram e mataram 11 pessoas.

O diplomata norte-americano Hady Amr chegou na sexta-feira à região como parte dos esforços de Washington para desanuviar o conflito, e o Conselho de Segurança das Nações Unidas marcou uma reunião para domingo. De acordo com um funcionário egípcio, ouvido na sexta-feira, sob anonimato pela AP, Israel recusou uma proposta egípcia para uma trégua de um ano que os governantes do Hamas tinham aceitado.