Internacional

Charlie Hebdo republica caricaturas de Maomé antes do julgamento do ataque

No dia 7 de janeiro de 2015, mesmo sob fortes de segurança policial, os irmãos Kouachi conseguiram entrar na redação do Charlie Hebdo, matando 12 pessoas num ataque terrorista

Sala de tribunal onde vai realizar-se o julgamento do ataque ao Charlie Hebdo
YOAN VALAT/EPA

A revista satírica Charlie Hebdo republica na quarta-feira, dia em que começa o julgamento sobre o ataque terrorista à sua redação, as caricaturas de Maomé que a transformaram num alvo dos jihadistas, anunciou esta terça-feira a publicação.

"Nós não dormiremos nunca. Nós nunca renunciaremos", justificou o diretor do jornal satírico, Riss, neste número especial.

O número especial do jornal sai para as bancas na quarta-feira, data do início do processo que vai julgar os acusados do ataque terrorista que matou 12 pessoas na redação do Charlie Hebdo, mas a edição online com as caricaturas está disponível a partir de hoje.

A capa do jornal contém as gravuras de Maomé publicadas inicialmente pelo jornal dinamarcês "Jyllands-Posten" em 2005 e também uma caricatura feita por Cabu, morto no atentado de 7 de janeiro de 2015.

Os 'cartoons' são acompanhados pela pergunta: "Tudo isto por isto?".

"Pediram-nos com frequência, depois de janeiro de 2015, para publicarmos outras caricaturas de Maomé. Mas nós sempre recusámos, não porque seja proibido, a lei autoriza-nos a fazê-lo, mas porque era preciso uma boa razão para o fazermos", justificou a equipa do jornal num artigo neste número especial.

No dia 7 de janeiro de 2015, mesmo sob fortes de segurança policial, os irmãos Kouachi conseguiram entrar na redação do Charlie Hebdo, matando 12 pessoas num ataque terrorista.

Entre os mortos estavam Charb, o então diretor da publicação, e outros cartoonistas como Cabu, Honoré, Tignous e Wolinski,

O processo do Charlie Hebdo vai começar esta quarta-feira no Tribunal de Paris e julgar 14 pessoas consideradas como cúmplices neste ataque, já que os irmãos Kouachi foram abatidos pela polícia alguns dias após o crime.

Estão também em causa os ataques perpetrados por Amedy Coulibaly, nos dias que se seguiram ao atentado ao "Charlie Hebdo" e que terão sido coordenados com os irmãos Kouachi: a morte de uma polícia em Montrouge, nos arredores da capital, e a morte de outras quatro pessoas num supermercado, também à volta de Paris.