Num país tantas vezes descrito como autoritário, repressivo e impiedoso com quem hesita na lealdade ao regime, não se estranha que haja cidadãos que, em contextos de grande desespero, arrisquem a vida para fugir da Coreia do Norte — de onde só se sai com autorização superior. Já é mais difícil compreender que depois de concretizarem a fuga com êxito queiram regressar ao país de onde desertaram e onde têm o rótulo de “traidores”.
Segundo o Ministério da Unificação da Coreia do Sul, nos últimos cinco anos, pelo menos 12 desertores norte-coreanos deram-se mal no próspero e democrático Sul e optaram por regressar ao último reduto do comunismo à face da Terra: três em 2015, quatro em 2016, quatro em 2017 e um a 19 de julho passado. O número pode, na realidade, ser muito superior já que Seul não sabe do paradeiro de outros 891 desertores norte-coreanos.