Na luta contra o novo coronavírus, assoberbados e com falta de recursos: é assim que os Hospitais madrilenos estão, revela o “El País” esta quarta-feira. Faltam máscaras, luvas, óculos e batas.
“Estamos a ficar sem equipamentos de proteção. Podemos estar a ficar sem camas. A resposta ao Covid-19 deve ser uma prioridade nacional”, escreveu José Ramón Arribas, encarregado pelo departamento de doenças infeciosas do hospital La Paz-Carlos III e responsável nomeado pelo Governo espanhol como porta-voz da crise, nas redes sociais.
Só na comunidade de Madrid há 782 casos positivos de Covid-19. E como também acontece em Portugal, o sistema de saúde não está a conseguir dar resposta a todos os pedidos de informação. Além disso, a resposta ao surto dentro das unidades hospitalares parece ter sido tardia.
O “El País” conta o caso de um cidadão de 64 anos cuja mãe, de 94 anos, está infetada com o novo coronavírus. Na semana passada, ligou para o 112, quando a progenitora começou a apresentar alguns sintomas – tosse seca e dificuldade em respirar. A princípio, foi tratada como se tivesse uma bronquite. “Não utilizaram nenhuma medida de proteção e perguntamos se não era melhor que fizesse o teste para o coronavírus. Disseram-nos que não, que não tinha sintomas”, contou. Só no domingo, e depois de ter sido transferida para o hospital de La Paz, é que foi testada para o coronavírus.
As aulas em todas escolas da região de Madrid foram suspensas até 25 de março. Nos últimos dias, o Governo espanhol recrutou também 1142 médicos para fazer face à necessidade crescente de mais clínicos. O número de laboratórios médicos dedicados a fazer a análise para o Covid-19 passou de quatro para oito.
“Vários hospitais de Madrid estão já sobrelotados”, disse Santiago Moreno, chefe do departamento de Doenças Infeciosas do hospital Ramón y Cajal, ao jornal. “O problema do coronavírus não é tanto a incidência que terá na saúde individual das pessoas, porque é uma infeção de carácter leve. O problema é o boom, o surto, o pico de casos. E é isso que deve ser evitado: que todas as consequências não se concentrem em pouco tempo, porque causam estragos no sistema”, explicou.