O Presidente interino da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, renunciou ao cargo, alegando que os interesses dos guineenses são superiores aos seus e disse ainda que a renúncia deve-se a razões de segurança. Alega que depois de ter tomado posse como Presidente interino "tem havido fortes ameaças à integridade física do seu corpo de segurança" da parte de homens fortemente armados e que também põe em perigo a sua segurança e da sua família. Cipriano Cassamá tinha tomado posse na sexta-feira, 28 de fevereiro, como Presidente interino.
Tudo começou na quinta-feira, 27, quando Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse como Presidente guineense, numa cerimónia num hotel de Bissau que descreveu como “simbólica”. Isto numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira. Sissoco Embaló não é reconhecido pela maioria parlamentar.
Nessa altura, registaram-se movimentações militares, com os militares a ocuparem várias instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os funcionários foram retirados e cujas emissões foram suspensas.
Na sexta-feira, a tensão subiu quando Umaro Sissoco Embaló demitiu por decreto Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeou o seu apoiante Nuno Nabian. Aristides Gomes usou as redes sociais para denunciar aquilo que designou como "golpe de Estado".
Paralelamente, nesse mesmo dia, o presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, tomou posse como Presidente da República interino, com base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia do Estado. Os apoiantes de Cassamá não reconheciam Umaro Sissoco Embaló como Presidente. O país tinha nessa altura dois chefes de Estado e dois primeiros-ministros. Agora Cipriano Cassamá sai de cena. Mas a paz ainda parece longe em Bissau.