Considerado um dos maiores peixes de água doce do mundo – podia atingir sete metros de comprimento – o peixe-espátula-chinês (Psephurus gladius) foi dado como extinto. Espécie emblemática do rio Yangtzé, fazia até há pouco tempo parte da alimentação das populações locais, mas a pesca em excesso e a construção de grandes barragens terão ditado o seu desaparecimento.
A má notícia resulta da conclusão apurada por um grupo internacional de cientistas, cuja investigação aparece detalhada num artigo publicado pela revista “Science of the Total Environment”.
O texto recorda que o peixe-espátula-chinês era capturado intensivamente, a uma média de “25 toneladas anualmente na década de 1970”. O declínio da espécie - drástico - terá começado “a partir do final dessa década, em resultado da pesca excessiva e da fragmentação do seu habitat”.
De acordo com os cientistas, coordenados por Hui Zhang, da Academia das Ciências de Pesca, em Wuhan, na China, “uma análise integral e exaustiva feita em toda a bacia do rio Yangtzé no período 2017-2018 identificou um total de 332 espécies mas não encontrou um único exemplar deste peixe”.
Os investigadores acreditam que a espécie “tenha ficado funcionalmente extinta”, o que significa “incapaz de se reproduzir”, a partir de 1993. O último destes peixes a ser visto vivo foi em 2003.
Não foi só a pesca a ditar o seu desaparecimento. A construção de barragens, ao criar uma fragmentação do território, afetou a reprodução da espécie, concluiu o estudo.