Internacional

Democratas unidos no ataque a Trump e na defesa do ‘impeachment’. “Ninguém está acima da lei”

O quinto debate democrata aconteceu horas depois de o embaixador dos EUA para a União Europeia ter feito um testemunho público arrasador para Trump, dizendo que cumprira “as ordens do Presidente” nas relações com a Ucrânia. Elizabeth Warren voltou a ser criticada por causa do seu plano de saúde e o mayor Pete Buttigieg insiste em continuar em jogo
SAUL LOEB/AFP/Getty Images

Os dez candidatos à nomeação democrata para as eleições presidenciais do próximo ano nos EUA uniram-se no ataque ao Presidente Donald Trump e na defesa do processo de ‘impeachment’.

No quinto debate democrata, que decorreu esta quarta-feira em Atlanta, os candidatos sublinharam que os esforços de Trump para pressionar a Ucrânia a investigar o antigo vice-Presidente Joe Biden, um dos mais destacados candidatos a defrontá-lo na sua tentativa de reeleição, são um exemplo da corrupção da Administração atual. Horas antes, o embaixador norte-americano para a União Europeia, Gordon Sondland, tinha feito um testemunho público arrasador para Trump, dizendo que cumprira “as ordens do Presidente” nas relações com Kiev.

Questionado sobre se apoiaria uma investigação criminal a Trump depois de o Presidente deixar a Casa Branca, Biden respondeu que deixaria essa decisão para o Departamento de Justiça. “Se o entendimento fosse que ele violou a lei e devia ser julgado criminalmente, então que assim fosse. Mas não penso que seja uma boa ideia seguir o modelo de Trump e dizer: ‘Prendam-no!’”, sublinhou.

Em 2016, a campanha presidencial ficou marcada pelos apelos à detenção da rival de Trump, a democrata Hillary Clinton, e o cântico ‘Prendam-na! Prendam-na!’ era muito frequente nos comícios.

“Unir as pessoas e não apenas na oposição a Trump”

“Temos de estabelecer o princípio de que ninguém está acima da lei. Temos uma responsabilidade constitucional e é necessário cumpri-la”, declarou a senadora do Massachusetts Elizabeth Warren, uma defensora da primeira hora da abertura do processo de destituição presidencial a Trump.

O senador do Vermont Bernie Sanders foi no mesmo sentido: “Penso que o que o povo americano está a dizer é que se o Presidente violou a lei, deve ser julgado como qualquer outro indivíduo que viola a lei. Mas, no fim de contas, o que precisamos de fazer é unir as pessoas e não apenas na oposição a Trump.”

A estrela em ascensão Buttigieg e o que se segue

Há já algum tempo que as sondagens nacionais apontam para uma disputa mais acesa a três, envolvendo o mais moderado Joe Biden e os mais progressistas Warren e Sanders. No entanto, Pete Buttigieg, presidente da Câmara de South Bend, no estado do Indiana, assumiu a dianteira em sondagens recentes no Iowa e em New Hampshire.

A senadora do Massachusetts terá sido prejudicada pela prestação no debate anterior em que tentou explicar como pagaria o seu plano “Medicare for All”, que, segundo ela, eliminaria os seguros de saúde privados sem aumentar os impostos para a classe média. Desta vez, Warren voltou a ser alvo de críticas dos seus rivais não apenas por esta sua proposta, mas também por uma outra que visa aumentar os impostos sobre os ricos.

O próximo debate acontece a 19 de dezembro em Los Angeles e, até ao momento, são seis os qualificados: Biden, Sanders, Warren, Buttigieg e as senadoras Kamala Harris e Amy Klobuchar. Os critérios de qualificação para os debates fixam mínimos de montantes de dinheiro angariado e de desempenho nas sondagens, sem os quais os candidatos não poderão ir a debate. A 3 de fevereiro de 2020, o estado do Iowa acolhe a primeira disputa de nomeação do candidato democrata às eleições de novembro.