Internacional

Príncipe André em entrevista à BBC nega envolvimento com Virginia Giuffre

O príncipe André negou ter mantido relações sexuais com Virginia Giuffre que o acusa de ter sido forçada. A acusação remonta a 2015

Rainha Isabel II e Príncipe André
Duncan McGlynn/Getty Images

Em entrevista à BBC este sábado, o príncipe André de Inglaterra, filho da rainha Isabel II, negou ter mantido relações sexuais com uma mulher norte-americana que assegurou ter sido forçada a isso quando tinha 17 anos.

A entrevista tinha por objetivo esclarecer os vínculos do duque de York com com o já falecido empresário norte-americano Jeffrey Epstein. Recorde-se que Epstein foi encontrado enforcado na cela da prisão em que estava detido em Nova Iorque, em agosto último.

Epstein foi acusado de tráfico sexual de menores.

Virginia Giuffre afirmou nos Estados Unidos ter tido relações sexuais com o príncipe pelo menos três vezes, entre 2001 e 2002, uma delas na casa de um amigo dele no bairro de Belgravia, em Londres.

Virginia chegou a mencionar o dia 10 de março de 2001 como a data em que teve um encontro com André, em Londres, algo que o duque desmentiu porque, assegurou, que tinha levado nesse dia a sua filha mais velha, a uma festa numa pizzaria de Woking, fora de Londres, antes de passar a noite em sua casa: "Não aconteceu. Posso dizer categoricamente que nunca aconteceu. Não me recordo ter conhecido alguma vez esta senhora", insistiu várias vezes o príncipe, que por momentos chegou a levar algum tempo a responder às questões da jornalista Emily Maitlis.

O príncipe, cuja amizade com Epstein causou controvérsia no Reino Unido, admitiu ter ficado hospedado várias vezes nas residências que Epstein tinha nos EUA. André disse também que nunca suspeitou de qualquer comportamento inapropriado por parte do norte-americano, que seria condenado em 2008 a dezoito de prisão por tráfico sexual de menores.

Ghislaine Maxwell apresentou o príncipe a Epstein

O terceiro filho da rainha Isabel II disse à BBC que conheceu Epstein através da sua amiga Ghislaine Maxwell, filha do falecido magnata Robert Maxwell.

Jeffrey Epstein
Rick Friedman

Os media trouxeram à tona esta amizade e chegaram a publicar fotografias de 2010, em que se via o príncipe André na casa de Epstein, em Nova Iorque, a despedir-se de uma jovem, enquanto ela saía de casa, e também uma outra em que André aparecia com a mão na cintura de Giuffre.

André reconheceu que foram feitas análises para estabelecer se essa foto com Giuffre - que o príncipe insistiu não se recordar - teria sido alterada, mas que essas provas nunca foram conclusivas.

Esta é a primeira vez que André, de 59 anos, fala publicamente sobre os seus vínculos com o empresário, encontrado morto na sua cela de Nova Iorque no passado dia 10 de agosto, enquanto enfrentava novas acusações de conspiração de tráfico sexual de menores.

Ser ouvido pela justiça dos Estados Unidos

Na entrevista com a BBC, o príncipe admitiu que, antes de considerar a possibilidade de prestar declarações sob juramento nos Estados Unidos sobre as acusações, irá procurar assessoria jurídica.

Disse ainda esclareceu que não se arrepende de ter sido amigo de Epstein devido às oportunidades de aprender sobre o setor empresarial quando era enviado especial do comércio, antes de 2011. Ao responder à pergunta por que ficou em casa de Epstein em 2010, depois da primeira condenação do empresário, André salientou que é algo que lamenta "todos os dias" e que foi algo que não devia ter feito "por ser membro da família real".

Nesse dia, acrescentou, pareceu-lhe que ficar na casa do empresário era mais fácil e "conveniente", mas olhando retrospetivamente, o que fez foi algo "errado".

Giuffre é uma das 16 mulheres que declararam ter sido vítimas de abusos de Epstein. Outra mulher, identificada como Johann Sjoberg, afirmou nos Estados Unidos que o príncipe lhe terá tocado nos seios quando estavam sentados num sofá em casa de Epstein em Manhattan, em 2001.

O palácio de Buckingham chegou a afirmar no passado que estas acusações eram "falsas" e "sem fundamento", e que "qualquer sugestão de conduta inapropriada com menores" não era verdadeira.