Os embaixadores de 22 países nas Nações Unidas enviaram uma carta a altos funcionários dos direitos humanos da organização, condenando a forma como a China tem tratado os uigures, predominantemente muçulmanos, e outras minorias na região ocidental de Xinjiang, revela a agência de notícias France-Presse (AFP).
A missiva, divulgada esta quarta-feira e assinada por embaixadores de países como Austrália, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha e Japão, está endereçada ao presidente do Conselho de Direitos Humanos, Coly Seck, e à Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Nos últimos tempos, têm-se acumulado relatos de que cerca de um milhão de pessoas, principalmente da etnia uigure, estão detidas em campos de internamento em Xinjiang. Grupos de defesa dos direitos humanos e antigos detidos descrevem-nos mesmo como “campos de concentração”, onde os detidos são obrigados a assimilar a cultura han, maioritária na China.
Pequim fala em “centros de educação vocacional”
A carta dos embaixadores expressa preocupação com “relatos credíveis de detenções arbitrárias, assim como vigilância e restrições generalizadas” e exorta Pequim a permitir a “liberdade de movimentos dos uigures e de outras comunidades muçulmanas e minoritárias em Xinjiang”.
Os signatários solicitam que a carta se torne um documento oficial do Conselho de Direitos Humanos, que encerra a sua 41.ª sessão em Genebra esta sexta-feira.
A AFP lembra que os diplomatas raramente enviam cartas abertas ao conselho de 47 membros a criticar a atuação de um país. No entanto, a China deverá ter o apoio suficiente para chumbar uma resolução formal.
As autoridades de Pequim descrevem os campos como “centros de educação vocacional” onde os uigures recebem orientação profissional, justificando a necessidade dos campos para afastar as pessoas do extremismo religioso, terrorismo e separatismo.