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Colaborador da campanha de reeleição de Trump criou site a gozar com Joe Biden - e com outros candidatos democratas

Republicanos e democratas escolhem muitas vezes um caminho para as suas campanhas que os analistas consideram condenável. Ao enganar os consumidores de informação, o debate político torna-se mais turvo e as pessoas podem vir a votar baseando as suas preferências em informação que ou não é de todo verdade ou então é retirada do contexto apenas para "chocar"

JACK GUEZ/GETTY

Qualquer pessoa pode fazer um site de paródia, ironia, escárnio, comédia. Um dos mais populares desta extensíssima rentrée política norte-americana é JoeBiden.info - é, aliás, o mais popular dos sites que se centram no candidato presidencial Joe Biden, mais do que qualquer outro site que promova a sua campanha à Casa Branca. Como conta o “New York Times”, o dono desta página é Patrick Mauldin, uma das várias pessoas contratadas por Donald Trump para fazer vídeos e outros tipo de material digital de promoção à reeleição do atual presidente dos Estados Unidos. Em conjunto com o seu irmão, Ryan, Patrick Mauldin é dono da Vici Media Group, uma empresa de consultoria republicana com sede em Austin, Texas.

A página que Mauldin desenhou para Biden parece-se muito com o estilo de página oficial, em tons sóbrios de azul, que um candidato mais conservador como o ex-vice-presidente aprovaria, mas se olharmos mais de perto não faltam vídeos e memes a mostrar algumas das frases e atos mais embaraçosos de Biden - alguns deles referenciam o seu tratamento um pouco invasivo com mulheres. Por baixo desta série de vídeos estão as políticas que supostamente o candidato defende - só que nenhuma delas é positiva à luz da cartilha democrata: “leis antiaborto”, “a favor da Guerra do Iraque” ou “pela prisão em massa e por castigos mais fortes” são alguns exemplos.

Em defesa do seu trabalho, Mauldin disse que a sua intenção era apenas a de “levar os democratas a enfrentar os factos” e escolheu o anonimato “porque, normalmente, as pessoas não ligam a informação que não vem do seu próprio lado político”. Só que sem uma única referência que identifique o propósito da página ou a filiação partidária e mesmo profissional do seu autor, esta página está mais próxima daquilo aque as autoridades esperam encontrar pela internet no ano e meio de campanha para as presidenciais norte-americanas de 2020: vários especialistas em segurança nacional estão já a analisar o que se passa nas redes sociais e já avisaram que há tentativas tanto de republicanos como de democratas em partilhar informação falsa sobre os seus rivais.

Tim Murtaugh, o diretor de comunicação de Trump, disse, em resposta ao “New York Times”, que é “fantástico ver pessoas talentosas apoiantes do presidente Trump” utilizar esse talento para ajudar à reeleição”, acrescentando que “essas paródias, mesmo feitas no tempo livre, ajudam a causa”.