Theresa May insiste em encontrar uma solução para uma saída do Reino Unido da União Europeia com um acordo e anunciou nesta terça-feira, após uma reunião do gabinete governamental que se prolongou por sete horas, que vai convidar o líder trabalhista da oposição, Jeremy Corbyn, para conversações com o objetivo de encontrar um plano capaz de passar no parlamento. Mas avisou, também, que um eventual consenso terá de integrar o acordo a que chegou com os ainda parceiros europeus.
May, que acusou a Câmara dos Comuns de não ter conseguido encontrar uma estratégia alternativa ao acordo que a primeira-ministra britânica celebrou com Bruxelas, continua a rejeitar uma saída desordenada, mas apoia uma extensão do artigo 50, isto é, um adiamento da data de abandono de forma a ganhar tempo para a negociação de um acordo capaz de reunir o apoio político de uma maioria dos deputados.
A líder britânica disse compreender as pessoas que estão fartas do processo ao ponto de quererem sair da UE sem acordo, mas continua apostada em evitar o chamado "hard Brexit". Porém, acrescentou que o debate não pode continuar a arrastar-se.
Sobre os caminhos alternativos no caso de as negociações com Corbyn virem a fracassar, Theresa May afirmou ter a intenção de colocar à votação na Câmara dos Comuns uma séries de opções de Brexit, sob a garantia de que o Governo promulgaria qualquer que fosse o plano aprovado pelos deputados. Esta possibilidade requer, do ponto de vista da primeira-ministra britânica, uma nova extensão do artigo 50 que não iria para além de 22 de maio, o que permitira ao Reino Unido não se ver forçado a realizar eleições para o Parlamento Europeu.
"Os tempos são difíceis para todos", afirmou May, citada pelo jornal "The Guardian", e as "paixões estão elevadas em todos os lados da discussão" sobre o Brexit, "mas devemos encontrar os compromissos para cumprir aquilo em que o povo britânico votou".
A data inicial de saída do Reino Unido da União Europeia foi agendada para 29 de março, mas o acordo alcançado por Theresa May não recebeu a luz verde do parlamento. O plano foi chumbado em três ocasiões e nem a garantia da líder conservadora de que abandonaria as suas funções no caso de o acordo ser aprovado foi suficiente para persuadir uma maioria de deputados.
Para além destas três derrotas inflingidas pela Câmara dos Comuns a May, os membros do parlamento não conseguiram aprovar qualquer alternativa e deixaram o país num impasse e sob o risco agravado de vir a separar-se da UE sem qualquer acordo. A nova data de saída está marcada para 12 de abril e uma eventual nova solução terá de ser aprovada no Conselho Europeu que se realiza a 10 de abril na capital belga.