A situação legal do franco-brasileiro Carlos Ghosn no Japão pode complicar-se ainda mais devido às novas irregularidades denunciadas pela Mitsubishi, uma das empresas que chegou a dirigir, que o acusou esta sexta-feira de ter recebido pagamentos "ilegais".
Ghosn foi detido no Japão a 19 de novembro por alegadamente ter falsificado relatórios financeiros que não reportavam os cerca de 5 mil milhões de ienes (38 milhões de euros) que deveria receber ao longo de cinco anos, até 2015, acordados com a Nissan.
Esta sexta-feira, junta-se a notícia de irregularidades na Mitsubishi Motors, a companhia que passou a ser controlada pela Nissan em 2016 e que desde então foi presidida por Ghosn, até ter sido afastado a 26 de novembro.
As irregularidades imputadas pela procuradoria de Tóquio a Ghosn derivam de uma investigação interna na Mitsubishi para detetar se os factos denunciados pela Nissan tinham relação com a Mitsubishi, o que foi comprovado esta sexta-feira.
"Sendo honesto, a única coisa que posso dizer é que estou triste", afirmou o diretor-executivo da Mitsubishi, Osamu Masuko, explicando que, segundo as investigações, Ghosn recebeu um pagamento supostamente irregular de 7,82 milhões de euros.
Estas irregularidades estão relacionadas com as operações da NMBV, uma sociedade estabelecida na Holanda em junho de 2017 e que nas suas siglas incorpora as inicias da Nissan e da Mitsubishi, constituída com o fim de criar sinergias entre as das empresas.
Ghosn, Greg Kelly, outro executivo daquela empresa e a própria Nissan como entidade legal foram acusados ainda de terem escondido rendimentos entre os anos fiscais de 2015 a 2017.