O Partido Comunista Chinês (PCC) aprovou esta terça-feira a introdução da ideologia política do atual Presidente na Constituição do país, na prática firmando Xi Jinping como o mais poderoso líder do gigante asiático desde Mao Tsé Tung.
O voto por unanimidade dos mais de dois mil delegadas do PCC marcou a conclusão do congresso do partido único, o mais importante evento político da China, que esteve a decorrer em Pequim à porta fechada desde o final da semana passada.
A votação era esperada desde que Xi inaugurou o comício com um discurso de três horas no qual introduziu a sua filosofia, batizada "socialismo com características chinesas numa nova era".
Ao longo de vários dias, a ideologia política do Presidente, o "pensamento de Xi Jinping", passou a ser comentada nos corredores do encontro e nos media estatais, num sinal claro de que o líder cimentou a crescente influência e poder que tinha vindo a conquistar desde que foi escolhido para suceder a Hu Jintao em 2012.
Numa análise à importância deste passo, num momento em que Donald Trump continua a enfraquecer o poder de influência dos Estados Unidos no teatro global, a editora da BBC China, Carrie Gracie, diz que incluir os pensamentos políticos de Xi na Constituição faz com que os seus rivais não possam desafiar o homem forte do país sem serem acusados de pôr em causa o poderio comunista.
Anteriores líderes do partido e do país já tinham visto as suas ideologias serem incorporadas no documento fundamental, mas nenhum, para além do fundador da China moderna Mao Tsé Tung, viu a sua filosofia descrita como "pensamento", que está no topo da hierarquia ideológica do PCC.
Para além de Mao e agora de Xi, apenas Deng Xiaoping, que governou a China entre 1978 e 1992, viu o seu nome ser anexado aos textos políticos inscritos no documento fundamental.