Internacional

Presidente da Catalunha acusa Madrid de ter “atitude totalitária”

Carles Puigdemont diz que o Governo central ultrapassou esta quarta-feira todas “as linhas vermelhas” após terem sido detidos 14 membros do governo catalão a 11 dias do referendo independentista

PAU BARRENA/GETTY IMAGES

O presidente do governo autónomo da Catalunha, Carles Puigdemont, acusa o Governo central de Espanha de ter uma “atitude antidemocrática e totalitária”, depois de a Guarda Civil ter detido, esta manhã, 14 membros do governo catalão ligados ao referendo independentista agendado para o próximo dia 1 de outubro.

Puigdemont diz que Madrid ultrapassou “todas as linhas vermelhas” que separam os regimes autoritários dos regimes democráticos. “As buscas policiais em váriass sedes, as detenções, a intimidação e a tentativa de bloqueio sem ordem judicial de contas do governo autónomo da Catalunha, o encerramento de páginas da Internet...tudo isto é uma situação inaceitável em democracia”, declarou o presidente catalão, ao início da tarde desta quarta-feira, após uma reunião de emergência do governo autónomo.

Carles Puigdemont garantiu ainda que a consulta popular se irá realizar na data prevista, daqui a 11 dias – apesar de ter sido declarada ilegal pelo Tribunal Constitucional –, e apelou à calma dos catalães. “No dia 1 de outubro saíremos de casa com um boletim de voto e vamos utilizá-lo. Não aceitamos o regresso a épocas passadas que não nos permitem deixar decidir sobre o futuro”, acrescentou.

Puigdemont sublinhou ainda que a detenção de 14 membros do seu executivo coloca em suspenso o governo autónomo da Catalunha e constitui a aplicação do Estado de exceção.

Durante esta manhã, o primeiro-ministro espanhol defendeu no Parlamento que a resposta do Governo central ao conflito catalão é “sensata” e “adequada.” Contra as críticas da oposição à atuação de Madrid relativamente ao referendo na Catalunha, Mariano Rajoy invocou a Constituição e insistiu que a lei existe para ser cumprida. “Ninguém pode contar comigo para liquidar a unidade e a soberania de Espanha. Não é para isso que estou na política”, concluiu.

O Governo espanhol está a atuar em todas as frentes com vista a inviabilizar o referendo na Catalunha, tendo pedido aos embaixadores espanhóis para defenderem junto dos media internacionais a “ilegalidade” da consulta popular. Nesta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alfonso Dastis, teve encontros bilaterais à margem da Assembleia-Geral da ONU para defender o ponto de vista de Madrid realtivamente ao conflito catalão.