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“Em Portugal, a psoríase continua a ser subdiagnosticada”

Tiago Torres é o sétimo convidado a comentar - em vídeo - o estudo sobre “A Saúde do Homem”, realizado pela GfK Metris para o Expresso. O especialista dá a conhecer os contornos da psoríase, uma das quatro doenças sobre as quais o estudo incide. Este é um problema de pele que afeta milhares de homens portugueses

Apesar de afetar cerca de 400 mil pessoas, em Portugal, a psoríase ainda é frequentemente diagnosticada tarde. O alerta é de Tiago Torres, dermatologista, investigador e professor na Universidade do Porto e que lidera a Unidade de Dermatologia do Instituto Médico de Estudos Imunológicos (IMEI), também no Porto. “Há um grupo grande de doentes cujo diagnóstico é tardio. Muitas vezes têm psoríase, mas continuam por diagnosticar”, afirma o especialista.

Um estudo recente revela que cerca de 20% dos doentes com psoríase não têm ainda diagnóstico clínico, lembra o dermatologista. Entre os motivos apontados estão o difícil acesso ao sistema nacional de saúde e a banalização dos sintomas nas fases iniciais, que leva muitos doentes a não procurarem ajuda médica. Em muitos casos, a doença apresenta-se de forma localizada e ligeira, o que contribui para que apenas mais tarde seja feita a identificação correta.

As manifestações da psoríase são típicas: lesões avermelhadas com descamação esbranquiçada, sobretudo nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo, região lombar e unhas. “São lesões com um padrão muito característico, às quais vale a pena estar atento”, refere Tiago Torres.

De acordo com os dados, 62% dos diagnósticos são feitos por dermatologistas, enquanto 22% passam pelos médicos de família. Contudo, apenas 46% destes doentes são depois encaminhados para consultas de especialidade. “É natural que um grupo de doentes com formas mais localizadas e que respondem bem a tratamentos tópicos não sejam referenciados. Mas ainda há muitos casos com indicação clara para acompanhamento especializado que continuam a ser subtratados”, nota o médico.

Os números do estudo indicam também que 49% dos doentes optam por recorrer ao setor privado. Uma realidade que, segundo o dermatologista, se justifica com as limitações do Serviço Nacional de Saúde. “O SNS tem dificuldade em dar resposta a todos os doentes com psoríase. Há cerca de 30% com formas moderadas a graves, que requerem acompanhamento dermatológico específico. Muitos acabam por procurar ajuda no setor privado, onde os tratamentos também estão disponíveis”, reconhece.

Atualmente, três quartos dos doentes com psoríase fazem apenas tratamento tópico. No entanto, começam a surgir novas abordagens. As terapêuticas biológicas, já utilizadas em 18% dos casos, estão a transformar a forma como se lida com a doença. “São medicamentos altamente eficazes, seguros, com efeitos sustentados a longo prazo e que permitem eliminar ou quase eliminar as lesões na maioria dos doentes”, sublinha o especialista. Ainda assim, Tiago Torres reforça: “Esperava-se que mais doentes já estivessem a receber terapêutica biológica. Isso mostra que continuamos a subtratar a psoríase”.

Com a introdução de novas classes de medicamentos nos últimos dez anos e uma abordagem mais personalizada ao doente, a esperança é que o futuro traga uma maior equidade no acesso ao diagnóstico e ao tratamento. Para Tiago Torres, o caminho está traçado: “As terapêuticas biológicas são o presente e serão também o futuro no controlo da psoríase”.


A Saúde do Homem

Este é um projeto a que o Expresso chamou “A Saúde do homem” e que conta com o apoio da Johnson & Johnson Innovative Medicine e ainda com o Alto Patrocínio da Presidência da República e a Ordem dos Médicos, na qualidade de parceiro institucional. O estudo foi conduzido pela empresa de estudos de mercado, GfK Metris.

No total, serão publicadas dez entrevistas em vídeo e dez entrevistas em texto. Acompanhe tudo em expresso.pt .

Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver Código de Conduta), sem interferência externa