As exportaçōes, a proximidade, a complementaridade de climas e o volume “significativo” do investimento de Espanha em Portugal e de Portugal em Espanha tornou o agroalimentar num sector “sem fronteiras”, que é hoje encarado numa “perspetiva ibérica”, diz António Corrêa Nunes, assessor da Caja Rural del Sur em Portugal, e responsável pelo projeto “Alimental Portugal”, um “livro pioneiro” que reúne todas as estatísticas nacionais do sector em 2023, e que será divulgado na jornada com o mesmo nome, onde vários especialistas vão ainda debater as oportunidades de negócio transfronteiriço na Península Ibérica.
“No sector agrícola, em particular, há uma realidade ibérica. Os produtores espanhóis estão a vender para supermercados portugueses mas também os portugueses estão a operar no mercado espanhol, como os produtores de tomate e azeite. Espanha é o principal importador de hortofrutículas de Portugal”, diz, acrescentando que, apesar do país ser pequeno geograficamente tem uma vasta riqueza de solos. “Sendo o clima predominantemente o mediterrânico, este subdivide-se em vários subclimas permitindo-nos ter uma agricultura diversa,” diz.
Fazer contas à água
Aproveitar a conjugação de climas diferentes é uma vantagem apontada por António Corrêa Nunes para esta estreita ligação ao país vizinho. “Já há uma conjunção de investimentos. É muito interessante do ponto de vista da produção a conjugação dos climas dos dois países, que são diferentes mas complementam-se”, acredita o responsável que aponta, no entanto, como maiores desafios do sector a mão de obra e a água disponível. “A necessidade de produção de alimentos, a contínua migração das populações para as zonas urbanas e o aumento expectável do turismo ampliarão inevitavelmente o stresse hídrico existente”, diz.
O sector agrícola é um sector ibérico, não há fronteiras”, afirma António Corrêa Nunes
Em relação ao anuário estatístico que vai apresentar, a 3 de dezembro, às 9h30, no auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa, António Corrêa Nunes explica que o documento dá detalhes importantes sobre a realidade do sector agroalimentar português. “Há um capítulo da água que tem discriminado quanto se usa de regadio ou as disponibilidades de água existentes. É um estudo científico que dá detalhe sobre o que se faz aqui e as oportunidades que poderão existir também”, diz, acrescentando que este “é um documento inovador”. “Nunca se fez em Portugal nada desta natureza. O INE (Instituto Nacional de Estatística) tem estatísticas agrícolas e há coisas soltas feitas por entidades governamentais, mas não há uma consolidação. Pegámos nas estatísticas dispersas e resumimo-las num documento. Pode ser um princípio e pretende ajudar na construção do futuro, de políticas e estratégias, consolidando informação dispersa e testemunhos de agentes do sector. É um documento de trabalho”, afirma.
Reconhecimento
Também Eládio Gonçalves, diretor de operaçōes da Caja Rural del Sur em Portugal, explica que a ideia foi criar uma espécie de manual onde estivesse o resumo do último ano, algo que a organização já tinha feito em Espanha, e que dá uma visão completa e global do sector. As estatísticas são complementadas com testemunhos e entrevistas dos principais responsáveis de associações e entidades com influência e conhecimento de cada área. “O que fizemos foi criar um anuário com estatísticas de 2023, com os vários sectores que estão interligados ao agroalimentar, das pescas, às florestas, à agricultura, à água. Mas não é só um resumo estatístico. Tem também informação e opiniões de pessoas”, explica.
2%
é quanto representa a produção agrícola portuguesa do total da União Europeia
Depois do painel de debate e apresentação do livro, serão atribuídos, num evento mais restrito, cinco prémios de reconhecimento que irão distinguir várias instituições e personalidades do sector agroalimentar. “O propósito destes prémios é reconhecer e agradecer às pessoas, instituições ou empresas que, no nosso entender, se destacaram em cada uma das cinco categorias - personalidade; instituição ou empresa; I&D, investigação, desenvolvimento e inovação; sustentabilidade e meio ambiente; desenvolvimento e aposta no sector primário”, conclui.
Alimental Portugal
O que é?
A entidade financeira espanhola Caja Rural del Sur, a operar em Portugal, e a sua Fundação apresentam o projeto “Alimental”, um livro que reúne todas as estatísticas do sector agroalimentar de 2023, em Portugal, das pescas, às florestas ou agricultura, e que serão divulgados na jornada “Alimental Portugal”, onde ainda decorrerá uma mesa redonda com o tema “Portugal e Espanha: oportunidades de negócio transfronteiriço”.
Quando, onde e a que horas?
Terça-feira, dia 3 de dezembro, às 9h30, no auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa.
Quem são os oradores?
- José Luis García-Palacios, presidente da Caja Rural del Sur
- Guillermo Tellez Vázquez, Diretor Geral da caja Rural del Sur
- João Mira Gomes, Embaixador de Portugal em Espanha
- Juan Fernandez Trigo, embaixador de Espanha em Portugal
- Francisco Dezcallar Presidente da Assembleia Geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola
- António Corrêa Nunes, assessor da Caja Rural del Sur
Porque é que este tema é central?
A agricultura é fundamental para a sobrevivência dos países e quanto mais conhecimento existe sobe o sector maior é a oportunidade de investimento e de otimização dos recursos. Saber quanto gasta de água cada produção agrícola ou que parceiros podem melhorar a cadeia de transporte e escoamento do produto pode fazer a diferença nos circucitos alimentares que têm de estar cada vez mais próximos dos mercados que abastecem para garantir o aprovisionamento, reduzir custos e tornar as operações mais eficientes e sustentáveis.
Como posso assistir?
Qualquer pessoa pode assistir ao painel de debate e apresentação do livro, de forma presencial. Basta que envie um email para alimental@estudiodecomunicacao.pt a confirmar a sua presença.
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