Os números mais recentes do INE (divulgados pela Pordata) falam por si: em 2022, o risco de pobreza aumentou pela primeira vez em sete anos em Portugal (com exceção da pandemia), ao passar de 16,4% em 2021 para 17%, sendo no universo das crianças e jovens que a taxa mais se agravou. Por outro lado, a incidência da pobreza entre a população desempregada, que tinha diminuído entre 2020 e 2021, aumentou 3,3% em relação a 2021.
Mais de metade das pessoas em situação de pobreza são mulheres (54%) e integram agregados com crianças dependentes (56,7%)
É “necessário que o combate seja visto como um desígnio nacional”, resume o padre Agostinho Jardim Moreira, presidente da Rede Europeia Antipobreza (EAPN) Portugal, para quem é essencial “construir uma sociedade inclusiva que coloca as pessoas no centro da tomada de decisões”, desenvolva “políticas sólidas que atuem na prevenção das situações de pobreza” e elimine “as suas causas estruturais”. Segundo o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento de 2023, “mais de metade das pessoas em situação de pobreza são mulheres (54%), têm idades compreendidas entre os 18 e 64 anos (56,5%) e integram agregados familiares com crianças dependentes (56,7%)”, com os dados a assinalarem “um aumento de 18,5% da população abaixo do limiar de pobreza a viver em áreas densamente povoadas”. Para Agostinho Jardim Moreira “a pobreza não é só uma violação grave dos direitos humanos, gera também um efeito negativo na economia e no desenvolvimento sustentado”. Combatê-la é “uma escolha política”.