A investigação na área da saúde em Portugal passa por momentos de grandes desafios fruto, sobretudo, da falta de investimento, incentivos aos profissionais e falta de organização diz Paulo Teixeira, diretor geral da Pfizer Portugal, acrescentando que a investigação clínica em Portugal tem visto o seu potencial “constantemente adiado”. “Somos um país com excelentes profissionais e uma produção científica e académica que acontece de forma assinalável, mas falta translação para a sua aplicabilidade. Há falta de aposta pelo estado mas também até noutro tipo de setores”.
O responsável admite porém que, apesar dos constrangimentos, a investigação tem crescido no país. “Os hospitais e centros hospitalares conseguiram arranjar forma de desenvolver e criar centros de investigação nos seus próprios hospitais. Coimbra, Santa Maria, Braga… há muito bons exemplos. Dá esperança para que Portugal desenvolva este potencial e se torne num centro de excelência”, diz.
€60.000
é o valor total que será atribuído aos projetos premiados. €15 mil para cada projeto de investigação básica e €30 mil para o projeto de investigação clínica
Sandra Morais Cardoso, investigadora da Universidade de Coimbra, afirma que em Portugal, o financiamento para a investigação em saúde “é modesto” em comparação com outros países europeus, e adianta que os apoios chegam sobretudo de subsídios governamentais, programas da União Europeia e algumas “poucas” fundações privadas. “O financiamento insuficiente limita a capacidade dos investigadores de desenvolverem projetos de longo prazo, adquirirem equipamentos modernos e competirem ao nível internacional, o que condiciona a produção científica nacional e a sua relevância global”, diz a também líder do Grupo “O Eixo Intestino-Cérebro” do Centro de Neurociências e Biologia Celular que, juntamente com o investigador Nuno Empadinhas, foi distinguida o ano passado com o Prémio Pfizer de investigação básica, pelo estudo que demonstrou uma relação direta entre o intestino e a doença de Parkinson
Chegar ao financiamento internacional
A necessidade de uma maior internacionalização da investigação em saúde como forma de acesso a financiamento externo é um caminho apontado por Luís Graça, investigador do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, distinguido no ano passado pelos prémios Pfizer pela contribuição na compreensão da Covid 19, com um estudo que permitiu perceber o grau de imunidade adquirida após a contaminação com diferentes variantes da doença e que possibilitou ainda perceber o momento mais adequado para proceder às doses de reforço.
"Faz muita falta criarem-se estas condições de incentivo para que os investigadores possam dar esse salto qualitativo e colocar Portugal no mapa nos ensaios clínicos”, Paulo Teixeira
“Neste momento vivemos com o desafio de tornar os apoios existentes no nosso país eficazes para permitir investigação com impacto global. Para tal será necessário que os investigadores tenham as condições de dedicação aos projetos e os recursos para permitir obter resultados significativos que possam, nomeadamente, servir para acesso a financiamento internacional complementar”, afirma.
Reconhecer os melhores trabalhos de investigação em saúde, com a distinção de um projeto de investigação clínica e um projeto de investigação básica, tem sido a prática comum nos Prémios Pfizer mas este ano, devido à “boa qualidade dos projetos” que se candidataram, haverá mais um prémio a atribuir. “Normalmente é um de cada mas, este ano, devido à boa qualidade dos projetos que nos chegaram, não se conseguiu fazer diferenciação então, excepcionalmente, vamos ter três prémios, um para investigação clínica e dois para investigação básica”, conta Paulo Teixeira, diretor geral da Pfizer Portugal
O galardão, que é o mais antigo na área da investigação em saúde, reconhece os melhores trabalhos de investigação em ciências da saúde, elaborado por investigadores nacionais ou estrangeiros, total ou parcialmente realizados em instituições portuguesas, e afirma-se como um incentivo aos jovens investigadores, projetando a sua carreira científica. O valor total atribuídos aos vencedores será de €60 mil, que este ano serão distribuídos com o valor de €15 mil para cada projeto de investigação básica e €30 mil para o projeto de investigação clínica.
Os premiados de 2024 vão juntar-se ao grupo de mais de 800 investigadores reconhecidos, entre 1956 e 2023 pelos Prémios Pfizer que, em parceria com a Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa (SCMED), têm vindo a destacar anualmente as contribuições dos portugueses para a ciência médica, com o objetivo de contribuir para a dinamização da investigação em ciências da Saúde em Portugal.
Prémios Pfizer
O que é?
Os Prémios Pfizer — a que o Expresso se associa como media partner — distinguem há 68 anos os melhores trabalhos de investigação básica e clínica. Já foram agraciados mais de 800 investigadores e premiados mais de 250 trabalhos. É o mais antigo galardão na área da investigação biomédica em Portugal e resulta de uma parceria entre a Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa (SCMED) e a farmacêutica.
Quando, onde e a que horas?
A cerimónia dos prémios Pfizer terá lugar no dia 13 de novembro, às 18h, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Quem são os oradores?
- Paulo Teixeira, Diretor Geral da Pfizer Portugal
- Maria do Céu Machado, Presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa
- Luísa Lopes, Líder de Grupo no GIMM - Gulbenkian Institute for Molecular Medicine
- Ana Povo, Secretária de Estado da Saúde
Porque é que este tema é central?
A investigação na área da saúde é fundamental para o o bem estar atual e futuro da sociedade, contribuindo para descobertas significativas em prol da humanidade. Além de promoverem a dinamização da investigação em ciências da Saúde em Portugal, os Prémios Pfizer têm marcado a investigação que se faz no país e afirmam-se como um incentivo aos jovens investigadores, contribuindo para avanços tecnológicos com impacto na economia.
Como posso participar?
O evento é aberto ao público mas quem quiser assistir ao vivo deve inscrever-se neste link. É também possível acompanhar online pelo Facebook do Expresso.
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