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Impacto económico do 5G em Portugal estimado em €17,2 mil milhões até 2035

Indústria e comércio grossista são áreas onde a expectativa de retorno do investimento nesta tecnologia é mais elevada, conclui estudo da Deloitte. Soluções para indústria, mobilidade e economia azul e recursos naturais apresentadas no segundo dia da 11ª Conferência ANACOM, que decorreu no Pavilhão do Conhecimento, e à qual o Expresso se juntou como media partner

No segundo dia da 11ª Conferência ANACOM - 5G em Ação subiram ao palco soluções para Indústria 4.0, Mobilidade, e Economia Azul e Recursos Naturais
Matilde Fieschi

Fátima Ferrão

Construir um ecossistema sólido, que junte investigação, academia, empresas públicas e privadas e Governos será a base para o sucesso do 5G enquanto tecnologia de suporte ao paradigma digital que conecta o mundo, os negócios e as pessoas. À semelhança de um tabuleiro de xadrez, a transformação digital liga um conjunto de pontos, em áreas distintas, que noutros tempos seriam apenas silos isolados. “O 5G é um jogo de ecossistema”, afirma Hugo Pinto. Para o partner da Deloitte Portugal, que participou num dos painéis desta manhã na 11ª Conferência ANACOM, “o desafio é a quebra do fosso digital, e a solução passa pelo trabalho conjunto entre todos os stakeholders”.

Na opinião daquele responsável, Portugal está atualmente no caminho certo na criação deste ecossistema, mas tem ainda de ultrapassar alguns desafios. “Os operadores de telecomunicações precisam de mudar a forma como fazem a gestão das redes, e as empresas têm de perceber como usar as redes 5G ‘as-a-service’”, exemplifica. Mas há mais: “entender que o 5G não é ‘one size fits all’ é essencial, assim como que escala e replicação não é possível sem testar antes de produzir”, diz Hugo Pinto, que alerta ainda para a importância de vencer os desafios da cibersegurança e da introdução da inteligência artificial (IA) nos processos de negócio.

Dificuldades à parte, também há boas notícias. De acordo com um estudo da Deloitte, em 2019, a expectativa de impacto económico do 5G até 2035 era de €17 mil milhões. Repetida a pesquisa em 2024, a estimativa para o mesmo período subiu para €17,2 mil milhões. Indústria e serviços grossistas são as áreas com maior impacto estimado, enquanto as utilities (eletricidade, gás, água) são a área com maior crescimento da expectativa de impacto (mais 23% do que em 2019).

Outra boa notícia é a de que Portugal está entre os países que lideram a implementação do 5G. Apesar de um arranque no fim do pelotão europeu, recuperou posição, estando agora entre os dez países mais avançados. Dados confirmados por Jan Dröge, que lidera o Broadband Competence Office (BCO), rede de competência de banda larga, criada pela Comissão Europeia, em 2020, para acelerar a adoção do 5G nos estados-membros.

Com uma visão otimista, o responsável europeu acredita que os 27 estados-membros concretizarão com sucesso as metas definidas para 2030, que preveem o acesso 5G a 1Gbps para todos. “Um resultado fundamental para a coesão social na Europa e para a promoção da igualdade e inclusão”.

O segundo dia da conferência ‘5G em Ação’ completou a apresentação dos 35 projetos, com destaque para as áreas da Indústria 4.0, Mobilidade, e Economia Azul e Recursos Naturais. Recorde aqui a lista completa de oradores e conheça em baixo as principais conclusões do segundo dia.

Indústria 4.0

  • Oportunidades para os Portos nacionais são “muitas e a vários níveis”, diz Filipe Martins, da APDL. Utilização de gruas e de veículos autónomos, monitorização ambiental, gestão eficiente de tráfego, uso de drones e de câmaras inteligentes, ou rastreabilidade das cargas mais eficiente são alguns dos exemplos do que está a ser utilizado e testado no Porto de Leixões.
  • No Porto de Sines, o projeto Nexus, financiado pelo PRR, propõe-se a fazer um estudo para a transição energética e digital do porto e prepara a implementação de uma rede 5G privada, capaz de dar uma resposta mais adequada às necessidades das empresas daquele ecossistema.
  • O que esperar do 6G e quais as suas áreas de diferenciação foi igualmente uma questão abordada nesta conferência. Mobilidade autónoma, IA e ubiquidade, digital twinning e realidade misturada ou holografia são algumas destas diferenças. “O foco terá que ser no valor oferecido à sociedade”, defende Luís Pessoa, do INESC-TEC.

Mobilidade

  • Ferrovia será “muito beneficiada pela introdução do 5G nas suas operações”, acredita Marta Lago Bom, da CP. Otimista, acredita que será possível cumprir com o compromisso assumido pelos operadores no leilão do espectro 5G até final de 2025: ter serviço 5G em 95% da linha ferroviária Braga/Lisboa e Corredor Ferroviário do Atlântico, e em 98% das linhas suburbanas das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.
  • Utilização de drones para serviços de entregas, para vigilância ou para monitorização de explorações agrícolas, por exemplo, pode beneficiar um elevado número de utilizadores. Projetos da Beyond Vision contribuem para melhoria da qualidade de vida das pessoas, especialmente em zonas remotas.
  • Transformação da mobilidade urbana através de mobilidade sustentável e inclusiva pode ser feita através de decisões tomadas com base em dados, em tempo real, e permite desenvolver soluções de mobilidade integradas e mais ecológicas.

Economia azul e recursos naturais

  • Gestão marítima e do espaço aéreo têm grande benefício na utilização do 5G e de outras tecnologias como os drones. Direcionar comunicações até 160 quilómetros da costa já é possível, mas “precisamos de expandir até aos 200 quilómetros para sensorizar o oceano sem usar os satélites”, explica Marco Dutra, da ADFMA. Um desafio que exige produção de energia off-shore para que tudo funcione.
  • Produção aquícola na Madeira está em crescimento e é uma área com potencial benefício de utilização do 5G. Tornar a Madeira numa ‘sentinela do Atlântico’ é também um dos objetivos de uma parceria estabelecida entre a ARDITI e o Estado Maior Geral das Forças Armadas através de drones marítimos de superfície “que permitem medir aspetos hidrográficos até 3.000 metros de profundidade”, explica Rui Caldeira.

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