Não há progresso sem tecnologia, mas também não existe inovação sem o poder da colaboração. Durante o primeiro de três dias do Digital With Purpose Summit 2024, que conta com o Expresso como media partner, o foco da agenda recaiu sobre os temas da educação, da biodiversidade e das cidades inteligentes. Durante a abertura do evento que decorreu em Cascais, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou a importância da “cooperação global” para atingir metas de desenvolvimento sustentável e assinalou o contributo da inteligência artificial, mas não sem alertar para os desafios que representa.
A desigualdade de acesso ao digital, o advento da desinformação e os riscos de interferência política, nomeadamente em processos eleitorais, foram alguns dos perigos enunciados pelo presidente da República, que considerou fundamental combater. Em paralelo, o chefe de Estado diz ser preciso “ajudar os países mais pobres” nas transições ambiental e digital.
Luís Neves, CEO da Global Enabling Sustainability Iniatiative (GeSI), a entidade responsável pela organização da cimeira, defendeu que “apenas criticar não resolve os problemas” que o mundo enfrenta ao nível da sustentabilidade. O responsável espera que a terceira edição da cimeira “seja um momento de ação” e que dela emanem soluções, projetos e iniciativas que contribuam para enfrentar os principais desafios da humanidade.
Educação deve ser prioridade
Não basta falar de tecnologia ao serviço da educação, avisam os oradores deste primeiro dia da cimeira internacional. “As tecnologias emergentes podem ajudar, mas para o fazer de forma apropriada temos de endereçar a transformação tecnológica da educação”, defende Sobhi Tawil. O diretor da Divisão de Inovação e Futuro do Ensino da UNESCO diz ser urgente reduzir as desigualdades no acesso à educação em todo o mundo e “universalizar a qualidade da educação básica”.
Para que a tecnologia, e em particular a inteligência artificial generativa, seja utilizada para alavancar o acesso e a qualidade da educação, é urgente garantir que todos têm acesso à conectividade. “Se 85% ou 90% dos jovens têm ligação à internet em casa na Europa Ocidental e na América do Norte, esse valor pode ser menos de 10% entre jovens de países mais pobres”, apontou Sobhi Tawil. O passo seguinte é assegurar que aqueles que têm acesso às tecnologias as saibam usar e, por fim, criar planos de aprendizagem úteis, interessantes, de qualidade e, sobretudo, gratuitos.
Tim Vieira, fundador da Brave Generation Academy, advoga que a qualidade do ensino deve estar ao alcance de todos, independentemente da sua capacidade financeira, e pede maior colaboração entre os sectores privado e público, mas também entre pais e educadores. “Temos de ser capazes de dar a liberdade de escolher os temas que mais interessam a quem está a aprender”, acredita o empresário.
O Digital With Purpose Summit 2024 realiza-se até quinta-feira no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais.
Outras conclusões do primeiro dia:
- Proteger a biodiversidade e restaurar habitats deve ser uma responsabilidade partilhada entre empresas, governos e cidadãos, numa missão em que a tecnologia pode ser um dos grandes aliados. Há projetos baseados em 5G e inteligência artificial que procuram proteger as espécies marinhas e outros que ajudam na prevenção de incêndios na Grécia;
- O empoderamento dos povos indígenas tem sido trabalhado com apoio da inovação tecnológica e é um exemplo de como os avanços do conhecimento podem ajudar na coesão social;
- O conceito de cidades inteligentes foi outro dos temas abordados no evento, em particular na perspetiva de como pode a tecnologia ser facilitadora de objetivos como tornar as metrópoles neutras em carbono;
- Mais uma vez, também neste campo a colaboração entre sectores privado e público é essencial para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU;
- Mais do que projetos-piloto para cidades inteligentes, os oradores defendem que estas soluções devem ser generalizadas para que seja possível cumprir as metas ambientais e sociais do ponto de vista da sustentabilidade. “Para ganhar escala, temos de partilhar o conhecimento e ser colaborativos”, sublinhou Fernando Reino da Costa, CEO da Unipartner.
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