Inovação, gestão, educação, cultura e perceção foram os temas debatidos no Fórum do Eucalipto que não abordou apenas o eucalipto, mas a floresta no seu todo e o potencial que tem ao nível da sustentabilidade, da economia e da sociedade.
Da parte da manhã os oradores foram João Lé, administrador da The Navigator Company; Lídia Pereira, eurodeputada; Carlos Fonseca, da ForestWise; Christoph Weber, especialista em combustíveis ecológicos; Gabriel Sousa, diretor de inovação e desenvolvimento tecnológico da Altri; Manuela Pintado, biotecnóloga na Universidade Católica Portuguesa; Susana Ferreira, diretora comercial e de marketing da Herdade do Vale da Rosa; Carlos Lobo, fundador da Lobo, Carmona & Associados; Jacob Keiser, da Universidade de Aveiro; Luciano Lourenço, professor catedrático jubilado na Universidade de Coimbra e Susana Brígido, diretora geral da 2B Forest.
À tarde foi a vez dos escritores Miguel Esteves Cardoso, José Eduardo Agualusa e Mia Couto; Carlos Fiolhais, professor universitário e ensaísta; Jori Ringman, diretor geral da Confederação das Indústrias de Papel da Europa (CEPI); José Carlos Fonseca, diretor executivo da Ibá; Miguel Boo, jornalista e investigador; Peter Holmgren, especialista do Center for International Forestry Research; Pedro Sobral, presidente a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL); Maria João Silva, professora na Escola Superior de Educação; Sandra Soares, do Centro Ciência Viva; Sílvia Castro, do Ministério da Educação; Helena Pereira, professora catedrática no Instituto Superior de Agronomia; Pedro Pereira da consultora BCG e António Redondo, CEO da The Navigator Company. Estas foram as principais conclusões.
1. A gestão da floresta
- Se há um consenso entre os oradores do Fórum do Eucalipto é que a floresta portuguesa precisa de ser gerida, porque uma floresta gerida não é apenas benéfica para a sustentabilidade e para a mitigação das alterações climáticas, como refere a eurodeputada Lídia Pereira, mas também para a sociedade e para a economia.
- Por exemplo, segundo um estudo da Boston Consulting Group apresentado na conferência, em Portugal, os produtos transformados a partir das florestas rendem 5,5 mil milhões de euros em exportações e dão emprego a 90 mil pessoas.
- O problema é que, em Portugal, a gestão das florestas é ainda insuficiente e amadora. “Falamos em planos de gestão, mas continuamos a não ter um cadastro e a não saber quem são os proprietários. O Burkina Faso conclui o cadastro em 2019 e em Portugal, estamos em 2024, e só concluímos um terço”, diz Carlos Lobo.
- Para Luciano Lourenço, o que é preciso fazer para concluir esse tão importante trabalho, é “ir para o terreno”, o que significa arranjar mais meios para o fazer, porque atualmente não os há.
2. A inovação e as perceções
- A maioria do público em geral não conhece todos os produtos que são originados nas florestas e a forma como contribuem para o combate às alterações climáticas e não para a destruição do ambiente, como ainda muitos percecionam.
- Além dos produtos óbvios que nascem das florestas, como a madeira e o papel, há, por exemplo, fibras celulósicas (à base da celulose) que são usadas nos têxteis ou, como diz Gabriel Sousa, que permitem “transformar madeira em roupa”. Aliás, segundo José Carlos Fonseca, “7% da indústria têxtil mundial já usa fibras celulósicas”.
- Há depois as embalagens. Na Herdade do Vale da Rosa, os quatro milhões de recipientes de plástico que usavam para colocar a fruta que produzem foram todos substituídos por caixas de papel e por uma película que “parece plástico, mas não é”, repara Susana Ferreira
- Para Peter Holmgreen, “é quando tiramos a madeira da floresta que contribuímos verdadeiramente para a mitigação das alterações climáticas”, por exemplo, com edifícios de madeira em vez de cimento ou embalagens de papel, em vez de plástico ou metal.
3. A educação
- A educação tem um papel relevante na mudança das perceções erradas que existem sobre as florestas e o trabalho não é só dos professores, mas também de quem faz os manuais escolares que, por vezes, também têm informação errada.
- Acresce ainda a desinformação toda que existe nos média sociais, pelo que, diz Maria João Silva, “o foco é no desenvolvimento do pensamento crítico e nos valores do conhecimento científico”.
- Nesse sentido, defende que é possível ter ensino de qualidade usando o método dos Centros Ciência Viva, que “contacta em tempo real com quem produz o conhecimento”, repara Sandra Soares.
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