Apenas 15% a 20% dos resíduos eletrónicos gerados em Portugal são devidamente reciclados. A estimativa fica aquém do desejado pelas melhores práticas de tratamento e recuperação de materiais e metais valiosos e vai funcionar como ponto de partida para 2ª edição do conferência e-Waste Summit que tem lugar Teatro Thalia, Lisboa, durante a manhã desta terça-feira. O evento é organizado em parceria pela ERP Portugal, que reúne várias entidades responsáveis pelo tratamento de resíduos, e a LG Portugal. Pode acompanhar a conferência a partir da página de Facebook do Expresso.
"Estamos bem ao nível da reciclagem de equipamentos elétricos e eletrónicos, mas não estamos bem ao nível da recolha. Sem equipamentos recolhidos, não há forma de os reciclar", descreve Rosa Monforte, diretora da ERP Portugal, apontando um dos problemas que afeta o circuito de recolha e reciclagem de equipamentos antigos.
Hoje, qualquer revendedor de eletrodomésticos português com mais de 400 metros quadrados está obrigado a receber equipamentos de menor porte - e entre os especialistas há quem lembre que a rede de recolha está devidamente apetrechada. Mas a recolha de equipamentos vai falhando especialmente nos equipamentos pequenos, que os consumidores tendem a acumular, desconhecendo eventualmente que podem encaminhar para os pontos de reciclagem credenciados. Nos equipamentos de maior porte, devido à conveniência, a recolha tende a funcionar melhor, recorda Rosa Monforte.
Entre as marcas de equipamentos, há quem recorde que o caminho terá de passar pela sensibilização dos consumidores. "Falta transmitir mais informação sobre a importância da reciclagem, até porque estamos numa sociedade de consumo de tecnologias. Falta mais ação e informação clara que mostre às pessoas o que de positivo se consegue fazer quando estes equipamentos são reciclados", acrescenta Hugo Jorge, diretor de Marketing da LG Portugal.
Em Portugal, como no resto do mundo, o mercado dos eletrodomésticos e equipamentos eletrónicos não parou de crescer, muito por força da crescente digitalização, que tem vindo a substituir equipamentos ou serviços analógicos por novas famílias de aparelhos e funcionalidades.
Hoje, o mercado dos equipamentos elétricos e eletrónicos vale, à escala global, €855 mil milhões – e o tudo leva a crer que haverá de aumentar nos próximos tempos devido a tendências associadas à Internet das Coisas (IoT) ou da robotização.
A Plataforma para a Aceleração da Economia Circular (PACE, na sigla em inglês) calcula que apenas 17% dos 54 mil milhões de toneladas de resíduos eletrónicos produzidos anualmente no mundo sejam sujeitos a programas de reaproveitamento e reciclagem. Resultado: há 50 mil milhões de euros de matérias-primas presentes nesse “lixo” eletrónico que se perdem – e geram uma ameaça ambiental imediata ou a prazo, com a degradação dos resíduos, após ação dos elementos em locais que não serão os mais bem preparados para essa missão.
Portugal também não fica especialmente bem nesta fotografia: por ano, são produzidas 220 mil toneladas de resíduos elétricos e eletrónicos – e segundo os especialistas o tratamento está longe de chegar às 130 mil toneladas preconizadas pela legislação europeia.
A pressão da indústria das tecnologias tende a aumentar nos tempos mais próximos e os consumidores também tardam a travar a espiral de desperdício e contaminação. Segundo as estimativas mais recentes, apenas 44% dos equipamentos avariados são enviados para reparação, sendo que no caso de estarem fora dos prazos de garantia, essa percentagem desce para 20%, recorda notícia recente do Diário de Notícias.
Os trabalhos da 2ª edição do conferência e-Waste Summit vão arrancar com a participação de Inês dos Santos Costa, Secretária de Estado do Ambiente, para depois evoluir para um primeiro debate com Gonçalo Lobo Xavier, Diretor Geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Nuno Lacasta, Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Ricardo Neto, Presidente da ERP Portugal e Hugo Jorge – Diretor de Marketing da LG Portugal, tendo a moderação do conhecido César Mourão.
eWaste Summit
O que é
A eWaste Summit é uma conferência que aborda os temas relacionados com o lixo eletrónico, e que procura envolver os principais participantes deste sector.
Quando e onde
O evento vai ter lugar no Teatro Thalia, em Lisboa. Ocupa a manhã inteira de terça, com início agendado para as 9h00.
A lista de oradores é composta por
- Gonçalo Lobo Xavier – Diretor Geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED)
- Nuno Lacasta – Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)
- Ricardo Neto – Presidente da ERP Portugal
- Hugo Jorge – Diretor de Marketing da LG Portugal
- Ruy Gil Conde – Diretor Geral da LG Portugal
- João Trindade e Afonso Ravasco – Trash4Goods
- Rosa Monforte – Diretora Geral da ERP Portugal
- Fernando Leite – CEO da Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto
- Coronel Vitor Manuel Roldão - Diretor do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente
Porque é este tema central:
Este tema é importante para sensibilizar os consumidores e os diferentes intervenientes para a necessidade de tomarem medidas que potenciam a reciclagem de equipamentos elétricos e eletrónicos
Como posso ver?
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