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Como evitar inundações? Há um sistema que prevê as áreas de risco e possíveis danos

Uma tecnologia prevê em tempo-real o risco de inundações, o que permite proteger infraestruturas e indústrias críticas e evacuar atempadamente áreas de risco. Atualmente, está implementada na Bósnia e Herzegovina, país no qual uma cheia vitimou mais de 20 pessoas em outubro de 2024

Danos causados pela cheia de outubro de 2024 na Bósnia e Herzegovina
Denis Zuberi/Anadolu

Desde os Estados Unidos até Espanha, as notícias de cheias devastadoras multiplicaram-se nas últimas semanas e, devido às alterações climáticas, a frequência deste fenómeno é cada vez maior. Para prever e prevenir efeitos catastróficos destas inundações, um projeto croata desenvolveu uma ferramenta especial.

O sistema GDi Ensemble FloodSmart reúne dados de variados locais para prever inundações e quais os seus riscos. “Temos sensores conectados no terreno e os dados vêm automaticamente das estações meteorológicas e dos pontos de controlo dos rios”, explica Davorin Singer, coordenador da iniciativa e gestor de projetos na empresa GDi.

Com base nos dados recolhidos, como a profundidade de um rio ou quantidade de chuva prevista, a tecnologia calcula o nível de risco. Quando há uma forte probabilidade de cheia, emite um alerta para as autoridades para que a reação destas seja atempada e as equipas de salvamento possam alocar os recursos eficientemente.

Davorin Singer explica que há “riscos de inundação baseados na chuva ou num pequeno degelo”, mas é preciso também avaliar o “risco para a população, para a indústria e para o ambiente”. Por este motivo, o sistema “combina camadas de perigos” para identificar que áreas devem ser evacuadas ou permitir que uma determinada infraestrutura seja protegida.

Plataforma FloodSmart indica o nível de risco para cada região
DR

“Ninguém consegue conhecer o panorama no país inteiro. Mas se existirem dados organizados para saber a densidade populacional, a localização da indústria crítica e dos aterros, e colocarmos essa informação num mapa de risco, sabemos exatamente os vários pontos de risco”, afirma.

Além desta vertente, há uma app disponível para a população perceber em tempo-real a situação e saber os locais seguros. Permite ainda a qualquer cidadão tirar uma fotografia de algum dano ou de uma inundação que está a decorrer e partilhá-la com as autoridades rapidamente através da plataforma.

Exemplo de uma fotografia partilhada por um cidadão na plataforma
DR

A prevenção é um dos aspetos cruciais da GDi Ensemble FloodSmart, mas esta mantém um foco na proteção. O líder do projeto exemplifica que “se soubermos a quantidade de pessoas, se há idosos ou crianças, podemos calcular a sua necessidade de ajuda”. A plataforma reúne ainda dados sobre a capacidade dos local de abrigo e quantidade de primeiros socorros para gerir eficientemente a operação de socorro.

Atualmente, esta tecnologia está implementada na Agência para a Bacia Hidrográfica do Rio Sava em Sarajevo, na Bósnia e Herzegovina, e em Setembro deste ano será instalada noutra instituição no mesmo país. Também a Sérvia e a Albânia já demonstraram interesse, dado que é possível implementá-la em qualquer país, considerando a uniformização dos dados graças à diretiva europeia relativa à avaliação e gestão dos riscos de inundações. “No futuro, vamos continuar a desenvolver este projeto para incluir a inteligência artificial, que sugerirá algumas soluções consoante na situação do terreno”, revela ainda Davorin Singer.

A ajuda imprescindível dos fundos comunitários

O projeto GDi Ensemble FloodSmart foi desenvolvido entre 2017 e 2020 pela empresa GDi em conjunto com o Serviço Geológico da Croácia. Recebeu o financiamento de cerca de 1,2 milhões de euros, dos quais 618 mil euros são provenientes do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

Davorin Singer assegura que sem o apoio monetário demoraria mais a desenvolver esta tecnologia. “Foi bom porque somos uma empresa privada” e sem este financiamento, seria mais difícil alocar os recursos necessários.

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