Além das personagens femininas aparecerem menos representadas nos jogos de vídeo, quando aparecem falam menos e têm diálogos menos relevantes. A conclusão é de um estudo publicado esta semana na revista “Royal Society Open Science”. Segundo o “El País”, os autores do artigo afirmam que esta é a primeira vez que se mede a representação do género em conversas ficcionais de grande escala. O estudo analisou 50 jogos e mais de 13.000 personagens.
De uma análise a 5.679.321 palavras, apenas 35,16% foram ditas por personagens femininas. Contudo, de acordo com o estudo, “as personagens femininas não recebem sistematicamente menos palavras de diálogo por personagem do que as personagens masculinas”, o que acontece é que há significativamente menos personagens femininas (29,37%) do que masculinas (70,63%).
Além disso, o estudo conclui que há uma tendência para que as personagens masculinas falem com outras personagens do mesmo género. No entanto, o mesmo não acontece quando se trata de personagens femininas: estas falam também com personagens masculinas. Ainda assim, a nível histórico há uma evolução. Tendo em conta uma análise feita aos últimos 50 anos, o número de diálogos femininos aumentou seis pontos em cada década.
O estudo procurou, também, mapear o que era dito pelas personagens. Com esta análise qualitativa, as personagens femininas demonstram, quando comparadas com as personagens masculinas, mais gratidão (mais 32%), pedem mais vezes desculpa (mais 29%), são mais cautelosas (mais 18%) e usam menos calão (menos 37%).
Quanto aos NPC (Non-Playable-Character), isto é, personagens colocados nos jogos para criar ambiente e que não conseguimos controlar, foi encontrada uma diferença na linguagem que usam para motivar o jogador a agir. No jogo “The Elder Scrolls: Daggerfall”, por exemplo, “as mulheres que atribuem missões centram-se em motivações relacionadas com a família e as relações e utilizam estratégias linguísticas estereotipadamente femininas para negociar”.