Estratégias

Está preparado para um novo crash?

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Nuno Alexandre Silva (www.expresso.pt)

"Com a economia a crescer perto de uma velocidade em perda de sustentação não vai demorar muito para um choque frontal numa dupla recessão. Alguns indicadores sugerem que podemos já estar lá." É assim que Keith Wade, economista-chefe da gestora britânica Schroders vê o atual momento da economia norte-americana apesar de continuar a acreditar que um regresso ao passado vai ser evitado. Numa análise sobre as economias da Zona Euro e dos EUA, Wade e Azad Zangana, economista para a Europa, indicam no entanto que "o pêndulo balançou a favor dos 'double dippers' (os que acreditam numa segunda vaga de recessão) uma vez mais neste mês."

Um dos economistas que tem avisado quanto ao risco de dupla recessão nos EUA é Nouriel Roubini, que previu a última crise financeira. O especialista afirmou recentemente que "a probabilidade da locomotiva da economia mundial entrar novamente em recessão é superior a 40%". Cenário semelhante ao que o economista norte-americano Joseph Stiglitz atribui à economia europeia para os próximos meses, que, segundo o prémio Nobel, poderá voltar à tempestade económica.

Entre o primeiro e o segundo trimestre, o crescimento económico dos EUA abrandou dos 3,7% para os 1,6%, principalmente por causa de quebras nos inventários e na menor força das exportações face às importações, e as vendas de novas casas cairam para um mínimo histórico em julho. Além disso, as estimativas de crescimento de 69 economistas ouvidos pela Bloomberg apontam agora para uma descida para os 2,8% em 2011, depois de um crescimento de 3% em 2010.

Se a alocação de ativos é fundamental para um bom desempenho dos investimentos, a história indica alguns movimentos inteligentes que podem proteger o dinheiro dos investidores e torná-lo menos exposto ao sabor das bolsas.

1. Ações de empresas de grande capitalização

As big caps passam normalmente melhor por momentos de queda nos mercados financeiros. Por exemplo, o índice BNP Paribas Large vs Small Cap European, que mede o desempenho das ações de grande capitalização bolsista face ao das ações de pequena capitalização, ganhou 10,05% no pior período da crise nas bolsas (1 de janeiro de 2008 a 10 de março de 2009) e perdeu 16% no rali de março de 2009 até março de 2010.

2. Ouro

A matéria-prima pode ser vista como um barómetro do sentimento do mercado. "As pessoas receiam outra crise e vão diversificar com ouro", disse à Bloomberg recentemente Thorsten Proettel, o analista mais certeiro no preço do ouro do alemão Landesbank Baden-Wuttemberg que acredita que a onça do metal possa chegar aos 1350 dólares em 2011. Os analistas aumentaram as suas previsões do preço do ouro mais do que em qualquer outro metal precioso nos últimos dois meses e alguns contratos de futuros para dezembro já apontam para um preço de 1500 dólares. Desde o final de 2000 até agora (1234 dólares por onça) o ouro subiu mais de 350% e segundo as contas de 16 analistas pode chegar aos 1300 dólares no primeiro trimestre de 2011.

3. Volatilidade

Desde o início de 2010, o fundo Amundi Volatility World Equities ganhou mais de 19% enquanto as ações mundiais subiram apenas 6% (índice Bloomberg World). O fundo que ganha com os desvios das ações face ao seu "normal" é semelhante ao talhado para a Europa o Amundi Volatility Euro Equities que ganhou 7,55% em 2010, face à quebra de quase 10% do índice EuroStoxx 50, que agrega as 50 maiores ações da Zona Euro. Os receios e os medos dos investidores têm sido lucrativo para os fundos que ganham com as variações anormais no mercado acionista.

4. Setores defensivos

Sabe qual o setor que melhor passou o período mais "negro" das bolsas europeias nos últimos tempos? Cuidados de saúde. Entre 2008 e março de 2009 o índice que agrega as 600 maiores ações europeias perdeu 54% do seu valor, com os bancos a liderarem as quedas, com mais de 76% das suas cotações a evaporarem-se. A saúde foi o setor menos penalizado perdendo apenas 29,59%, à frente do setor de alimentação e bebidas que perdeu nesta altura 38%. Fraca relação com o mercado, inevitabilidade do consumo são também algumas das razões que devem estar a contribuir para o bom desempenho do único fundo gerido em Portugal de ações defensivas, o Santander Euro Futuro Acções Defensivo que nos últimos cinco anos rendeu 3,34% por ano. Com as suas maiores posições em farmacêuticas (cinco das mairoes farmacêuticas mundiais fazem parte do top 10 de participações) o fundo mantém um registo de retorno que o coloca apenas atrás de fundos de ações energentes, entre as carteiras geridas por sociedades nacionais.

5. Produtos de baixo risco

Depósitos a prazo, títulos de dívida pública e tesouraria são alguns dos produtos que não dependem do mercado para remunerar as suas poupanças. Alguns depósitos a prazo oferecem remunerações líquidas acima dos 3% entre 3 e 12 meses e os Certificados do Tesouro subscritos em setembro permitem ganhos de 3,45% líquidos anuais num investimento de 10 anos sem ter de passar por as oscilações do mercado bolsista e com a garantia estatal. Veja aqui os produtos menos arriscados.