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Um olhar a 360 graus sobre a oferta mundial da Nissan

A marca japonesa escolheu Portugal para a segunda edição de uma mostra de todos os modelos que vende à escala global.

Alexandre Coutinho

A Nissan escolheu Cascais e o Autódromo do Estoril para palco da 2ª edição da sua mostra 'Nissan 360', trazendo a Portugal mais de seis centenas de jornalistas estrangeiros, ao longo de um mês.

A companhia japonesa mobilizou cerca de 80 colaboradores e não hesitou em alugar a totalidade do Grande Real Villa Itália Hotel, o Hipódromo Municipal e o restaurante Verbasco, na Quinta da Marinha, para acolher os seus convidados.

Integrada, há nove anos, na aliança Renault-Nissan, a empresa voltou ao seu melhor nível e afirma-se "pronta a competir com quem quer que seja e em qualquer tipo de mercado", como não se cansava de repetir o seu presidente e CEO, Carlos Ghosn, no primeiro dia de contactos com a Imprensa.

Em 2007, as vendas da Nissan e da Infiniti subiram 5,7% relativamente ao ano anterior, somando um total de 3,6 milhões de veículos em todo o mundo.

Carlos Ghosn em conversa com os jornalistas

"Pouco a pouco, a Nissan está a mostrar a tecnologia que desenvolveu nos últimos cinco ou seis anos. Investimos fortemente e concluímos a reestruturação da empresa, em associação com a Renault" - afirma o mesmo responsável.

Ghosn acrescentou que a empresa de consultoria McKenzie, depois de analisar todas as alianças na indústria automóvel (e não foram poucas), "concluiu que a única que criou valor foi a nossa!".

Escolha difícil...

Em períodos de dois dias, a Nissan colocou à disposição de 80 jornalistas convidados um número quase infindável de modelos à escolha, nalguns casos, em diversas versões ou séries limitadas nunca vistas em Portugal.

A escolha tornou-se difícil perante a imensa oferta: Micra C+C, Cube, Máxima, Patrol, Qashqai, Infiniti Fx, Elgrand, X-Trail, Cabstar, Clipper Rio, Atleon, Moço, Rogue, Lafesta, Titan, Note, Wingroad, GT-R, Infiniti Ex, Pino, Livina, Quest, Versa, Primaster, Murano, Pathfinder, Frontier, 350 Z, Infiniti M, XTerra, Infiniti QX, Otti, Altima, Tiida, Sylphy, Almera, Kubistar, Sentra, SR-R, Infiniti G, March, Navara, Armada, Teana, Altima e Interstar.

Ao todo, 59 veículos de passageiros, SUV, "pick-ups" e comerciais ligeiros das marcas Nissan e Infiniti, vendidos em todo o mundo. Tanto assim que alguns destes carros receberam matrículas provisórias do IMTT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres) por não estarem homologados na Europa.

O pequeno citadino Cube Cubic vai ser comercializado no Velho Continente

Na impossibilidade física de os experimentar a todos, a escolha teve de recair nas novidades e nos automóveis que ainda não são comercializados em Portugal, mas que poderão vir a sê-lo a curto ou médio-prazo.

Cube vai chegar à Europa

É o caso do Nissan Cube Cubic, um pequeno citadino de grande capacidade, até à data, apenas comercializado no Japão.

O Cube começou a sua carreira como veículo comercial ligeiro, mas cedo ganhou adeptos entre a juventude, pela facilidade com que acomoda seis a oito adultos, em apenas 3,9 metros de comprimento.

O interior é espartano e despido de qualquer equipamento de série supérfluo. O modelo ensaiado tinha caixa automática (com uma alavanca rústica acoplada ao volante) e um motor a gasolina de 1.5 litros, com uma potência de 107 cv.

Os restantes pequenos citadinos japoneses presentes não paravam de 'piscar o olho' aos jornalistas, mas mostraram-se menos convincentes nas suas prestações.

O Moco utiliza uma plataforma Suzuki

O Nissan Moco, assente numa plataforma Suzuki, tem mais equipamento mas carece de melhor motorização (apenas lhe deram um motor de três cilindros, de 0,66 litros e 54 cv.).

Já os seus 'primos' Otti e Pino apenas se distinguem pela porta lateral deslizante do primeiro e pelo espaço de carga (com bancos rebatidos) do segundo.

São modelos muito populares no Japão, pelo baixo preço, consumo reduzido e facilidade com que podem ser transportados nos elevadores dos parques de estacionamento.

Novidades absolutas mas apenas para mostrar aos jornalistas, as novas versões dos Nissan Qashqai + 2 (leia-se com mais dois lugares para crianças no espaço da bagageira - o carro foi alongado em 21 cm para o efeito) e Maxima Boss (com mais alguns requintes, entre os quais um tecto panorâmico em vidro fumado).

GT-R impressionante

Nos desportivos, o novo GT-R (recentemente apresentado nos salões do automóvel de Genebra e de Lisboa) era, definitivamente, a estrela da companhia. Está equipado com um motor V6 de 3,8 litros, que debita uma potência de 480 cv. e um binário de 583 Nm, às 3200 rpm.

"Vai ser o super-carro mais acessível do mercado (119 mil euros, em Portugal)", frisou o presidente da Nissan, Carlos Ghosn, particularmente satisfeito com o tempo de 7 minutos e 29 segundos feito em Nürburgring, no passado dia 17 de Abril, que faz dele o carro de série mais rápido naquele circuito alemão, superando os 7 minutos e 32 segundos dos Porsche Carrera GT e 911 GT2.

Kazutoshi Mizuno, o engenheiro-chefe responsável pelo desenvolvimento do GT-R

A Nissan não veio ao Autódromo do Estoril para 'tirar tempos', mas o engenheiro-chefe responsável pelo desenvolvimento do GT-R, Kazutoshi Mizuno (que pilotou o carro em Nürburgring) afirma que levou o super-desportivo aos 280 km/h na recta da meta.

Os jornalistas tiveram a oportunidade de dar uma volta em pista ao lado de Toshio Suzuki, piloto-chefe de testes na Nissan e também conduziram eles próprios os bólides.

À primeira impressão trata-se de um carro robusto, com uma posição de condução mais elevada relativamente a outros desportivos do mesmo segmento.

Revela-se extremamente estável em todas as situações, com apoio dos sistemas de controlo de estabilidade (foi registada uma força de 3,10 G laterais em curva).

E é igualmente impressionante na aceleração (uma força de 1,40 G), embora a caixa automática seja mais lenta do que a opção em manual à saída das curvas.

É necessário pressionar o pedal do acelerador de forma convincente. A travagem é assegurada por travões Brembo de discos ventilados de 38 centímetros de diâmetro.

Além das performances, o Nissan GT-R é um excelente compromisso entre um verdadeiro desportivo e um carro de utilização diária, com lugar para quatro pessoas (2 + 2) e uma bagageira generosa - que "até dá para ir às compras", acrescenta Kazutoshi Mizuno.

A carroçaria, parcialmente construída em compósito de carbono, permitiu reduzir o peso aos 1740 kg.

Paralelamente, a Nissan reservou um espaço para mostrar os seus mais recentes desenvolvimentos tecnológicos em matéria de segurança activa e passiva.

Entre outros, destaque para o "safety shield" e o "distance control assist", sistemas de sensores que detectam a presença de pessoas, obstáculos e outros carros na trajectória da viatura, actuando em conformidade sobre os travões e acelerador; a câmara do "lane departure prevention", que detecta os desvios relativamente à sinalização da berma; o "around view monitor", que combina câmara e sensores de estacionamento; e o "drunk driving prevention" que, além de detectar comportamentos irregulares de condução e alterações no rosto do condutor, também capta o cheiro a álcool!

O Nissan Mixim é o protótipo de um veículo eléctrico

Como curiosidade, a composição anti-riscos do "scratch shield", com uma resina especial de alta elasticidade que aumenta a flexibilidade da tinta, permitindo uma auto-regeneração em caso de riscos (a água quente acelera o processo).

Esta tecnologia é vendida como opção no Nissan X-Trail, mas deverá ser estendida em breve a outros veículos da marca.

A um passo do futuro, o conceito EA2 de um automóvel X-By-Wire baseado no Nissan Murano Crossover. Trata-se de um veículo com transmissão, embraiagem e travões por impulsos eléctricos, em vez de ligações mecânicas.

A coluna de direcção é, assim, eliminada e substituída por um volante retráctil e ajustável em altura, bem como uma consola central dobrável com a alavanca da caixa de velocidades e outros comandos. No painel só ficam velocímetro, conta-rotações e monitor do sistema de navegação.

Por sua vez, o Mixim é o protótipo de um veículo eléctrico dotado de baterias laminadas e compactas de "lithium-ion" fabricadas pela própria Nissan, no âmbito de uma parceria com a NEC, que resultou na criação da empresa Automotive Energy Supply Corporation (AESC).

Têm o mesmo tamanho de uma bateria convencional, mas oferecem o dobro da capacidade (140 Wh/kg) e 1,5 vezes a potência após 100 mil quilómetros, em mais de cinco anos.

A viatura dispõe de motores eléctricos em cada eixo, o que lhe confere tracção às quatro rodas.