Economia

Anacom: Digi (ainda) não é uma alternativa mas um complemento aos operadores históricos

"Atacar o peão para proteger a rainha", é a estratégia que os operadores têm usado para reagir ao aparecimento da Digi, aponta a presidente da Anacom, referindo-se ao facto de a Meo, a NOS e a Vodafone terem feito novas ofertas sobretudo onde o novo operador tem cobertura. Sandra Maximiano considera que o operador romeno ainda não é uma alternativa

Vários momentos de networking complementaram a partilha de experiências entre promotores dos projetos apresentados
Matilde Fieschi

A presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) afirmou esta sexta-feira, num encontro com jornalistas, que a Digi ainda não é uma verdadeira alternativa aos operadores históricos, considerando que o novo operador não é para já "uma alternativa, mas um complemento", uma vez que as ofertas que tem no mercado ainda têm limitações, nomeadamente de cobertura, como acontece no Metro de Lisboa. É muitas vezes, admitiu, uma solução para um segundo contrato.

Nada que surpreenda, admite a presidente da entidade reguladora. Sandra Maximiano avança que a Digi "foi alertada pela Anacom" de que entrar no mercado sem ter acesso aos principais canais seria "muito sensível num país como Portugal", referindo-se à questão dos contratos de conteúdos televisivos. A Digi arrancou sem acordo com a SIC e Now. E a sua oferta mantém-se para já restringida a 60 canais.

A Digi tem-se queixado de dificuldades em instalar rede no Metro de Lisboa. E a Anacom tem acompanhado o processo, teve inclusive recentemente uma reunião com a empresa. A Digi pretende instalar rede própria no Metro de Lisboa, que tem alegado questões de "segurança" para negar para já o acesso.

"Na Linha Vermelha foi tecnicamente mais viável” instalar rede, porque a infraestrutura "é mais recente", diz, afirmando que há acesso da Digi nas estações, tirando a do aeroporto.

A presidente da Anacom afirma que a estratégia que os operadores históricos - Meo, NOS e Vodafone - têm usado para reagir ao aparecimento da Digi é a de "atacar o peão para proteger a rainha", ao fazerem novas ofertas sobretudo onde o operador romeno, que se estreou em novembro, tem cobertura.


Insucesso da Tarifa Social de Internet está associado à falta de procura


No mesmo encontro, Sandra Maximiano atribuiu parte do insucesso da Tarifa Social de Internet (TSI) ao facto de haver uma fraca "procura". A presidente da Anacom defendeu que o futuro desta oferta "é uma incógnita", admitindo que provavelmente terá de haver um ajustamento desta tarifa tendo em conta o aparecimento da Digi, com ofertas a preços mais baixos, próximos da TSI.

A Anacom "já deu várias sugestões" para estimular a procura deste serviço, que só é atribuido a quem o pedir. O número de adesões à TSI "é irrisório", acrescentou.

Sobre a TDT, a presidente da Anacom lembrou que é preciso preparar uma solução exequível e que torne este serviço mais atrativo, uma vez que em 2023 termina o atual contrato com a Meo. A adesão à TDT situa-se na ordem dos 7%.

Sandra Maximiano tem defendido a sua continuação apesar da fraca adesão, uma vez que a TDT é um fator de pressão sobre os operadores, já que mantém uma oferta de televisão gratuita para quem não pode ou não quer pagar ofertas disponibiliizadas pelos operadores.