Economia

Fed não mexe nos juros e projeta apenas um corte este ano

A Reserva Federal norte-americana (Fed) decidiu esta quarta-feira manter as taxas diretoras no intervalo entre 5,25% e 5,5%, adiando, uma vez mais, o primeiro corte nos juros. Segundo as projeções dos banqueiros centrais do dólar, os juros descerão até final do ano para um ponto médio de 5,1%. Os mercados apontam para um primeiro corte na reunião de setembro

“Até agora, os dados económicos ainda não nos deram confiança”, disse Jerome Powell depois da reunião em que a Fed manteve os juros em 5,5%
Foto Samuel Corum/Getty Images

A Reserva Federal norte-americana (Fed) decidiu, por unanimidade, esta quarta-feira manter os juros no intervalo entre 5,25% e 5,5%, não seguindo o exemplo do Banco do Canadá e do Banco Central Europeu, que cortaram as taxas diretoras na semana passada.

Apesar da desaceleração da inflação em maio, a equipa chefiada por Jerome Powell mantém uma política de prudência, alegando que “o Comité [Federal de Mercado Aberto] não espera que seja apropriado reduzir o intervalo da meta até que tenha ganho maior confiança de que a inflação está numa trajetória de forma sustentável para 2%”.

Nas novas projeções económicas divulgadas esta quarta-feira, que refletem a opinião dos banqueiros centrais do dólar, a inflação média anual só estabiliza em 2% em 2026.

A cautela sobre os cortes de juros a fazer ainda em 2024 levou os decisores da Fed a subirem a sua expetativa para a taxa diretora no final de 2024 de 4,6%, aquando da reunião de março, para 5,1% agora. Este nível de juros é o ponto médio do intervalo. Estão, agora, mais pessimistas sobre a dimensão do corte nos juros este ano. Os analistas interpretam esta projeção no dot-plot - gráfico de pontos refletindo as previsões dos 19 membros da Fed - como admitindo apenas um corte nos juros este ano.

Nas projeções publicadas dos 19 membros da Fed, quatro membros apontam para uma descida dos juros até final do ano para 5,25%, sete para 5% e oito para 4,75%. Em março, uma maioria à pele de 10 projetava três cortes de juros em 2024. Agora, 11 apontam para uma única descida.

Nos mercados, os futuros apontam para uma primeira descida dos juros em setembro e uma segunda em dezembro.

Nas mais importantes economias desenvolvidas, a Fed e o Banco de Inglaterra ainda não optaram por um primeiro corte nos juros. Só cinco economias avançadas já decidiram cortar as taxas: Suíça, Suécia, Canadá, Zona Euro e Dinamarca. Na reunião de 6 de junho, o Banco Central Europeu decidiu, com um voto contra, descer em 25 pontos-base as taxas diretoras, com a taxa de refinanciamento a cair para 4,25% e a taxa de remuneração de depósitos a baixar para 3,75%.

Os mercados viram, agora, a atenção para a reunião do Banco de Inglaterra a 20 de junho, com os analistas britânicos a duvidarem que uma descida dos juros seja aprovada num contexto em que estão convocadas eleições legislativas antecipadas para 4 de julho.

Nas próximas reuniões em julho do BCE dia 18 e da Fed dia 31 não são antecipadas quaisquer mexidas nos juros.

Inflação desacelerou em maio

A decisão tomada pela Fed ocorre no dia em que o US Bureau of Labor Statistics - o organismo de estatística que divulga os dados da inflação nos Estados Unidos - avançou que a taxa de inflação abrandou para 3,3% em maio. Também, a inflação subjacente (excluindo as componentes mais voláteis) desacelerou para 3,4% no mês passado. O nível de inflação na economia norte-americana continua muito acima da média na zona euro que, em maio, subiu ligeiramente para 2,6%.

A desaceleração da inflação em maio animou as bolsas em Nova Iorque face à expetativa de que a equipa de Jerome Powell decida um primeiro corte de juros na reunião de 18 de setembro. Os futuros das taxas de juro apontavam, antes do anúncio da decisão desta quarta-feira, para uma probabilidade de mais de 60% para uma descida de 25 pontos-base na reunião de setembro, ainda antes das eleições presidenciais a 5 de novembro, e de um segundo corte adicional de mais 25 pontos-base na última reunião do ano a 18 de dezembro.

As expetativas no mercado apontam para que a taxa diretora da Fed desça, no meio do intervalo, para 4,84% no final do ano, segundo o portal MacroMicro. A taxa atual está no intervalo entre 5,25% e 5,5%.