O índice de preços ao consumidor da China (IPC) voltou a entrar em deflação, no mês passado, agravado pela queda dos preços da carne de porco, numa altura em que Pequim tenta impulsionar a procura interna.
O principal indicador da inflação no país asiático caiu 0,2%, em outubro, em termos homólogos, segundo dados do Gabinete Nacional de Estatística (GNE). No mês anterior, o IPC manteve-se inalterado.
A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.
Os analistas previam uma queda de 0,1%, em outubro, em relação aos preços registados há um ano.
O índice de preços ao produtor (PPI), que mede os preços à saída das fábricas, caiu 2,6% em termos homólogos, contra uma queda de 2,7% prevista pelos economistas, e após uma contração de 2,5% em setembro. Foi o 13.º mês consecutivo em queda.
O GNE apontou que o preço das carnes caiu 17,9%, impulsionado por um declínio de 30,1% nos preços da carne de porco, principal fonte de proteína animal na dieta chinesa.
O preço da carne suína na China, o maior produtor e consumidor mundial, segue ciclos de expansão e recessão, com o excesso de oferta a conduzir a grandes quedas de preços e a gerar volatilidade no IPC.
A economia chinesa registou já uma queda nos preços em julho passado.
Os analistas têm atribuído a pressão deflacionária à baixa confiança dos consumidores, mas a queda dos preços da carne de porco agravou a tendência em outubro.
Esta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que a economia da China vai crescer 5,4% este ano, mas abrandará para 4,6%, em 2024, devido à "contínua fraqueza" do mercado imobiliário e à "fraca" procura do exterior.
Os economistas argumentam que Pequim precisa de fazer mais para estimular o consumo interno.
No final do mês passado, o Governo chinês anunciou planos para emitir 1 bilião de yuans (mais de 308 mil milhões de euros) em obrigações para construir infraestruturas e prevenção de catástrofes, aumentando o défice para tentar impulsionar a economia.
Embora a economia em 2023 tenha beneficiado de um efeito de base baixo, já que no ano passado a política de ‘zero casos’ de covid-19 deprimiu a atividade económica, o próximo ano poderá revelar-se mais difícil para o crescimento do PIB, a menos que a recuperação ganhe maior ímpeto, alertaram analistas.