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Economia

2011: os dias do resgate da troika, segundo Teixeira dos Santos

O ex-ministro das Finanças recorda os acontecimentos que culminaram no pedido de ajuda internacional, a 6 de abril de 2011. Do chumbo do PEC 4, ao ultimato da banca, e à resistência de Sócrates, conheça os dias ‘quentes’ que se viveram em Portugal

As 48 horas antes do anúncio do pedido de ajuda internacional, na noite de 6 de abril de 2011, foram de tensão entre o primeiro-ministro, José Sócrates, e o seu ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos
Tiago Miranda

Foram ‘quentes’ os dias que culminaram no pedido de ajuda internacional, anunciado na televisão pelo primeiro-ministro, José Sócrates, a 6 de abril de 2011. E começam a contar-se a 23 de março desse ano, quando a oposição uniu-se da esquerda à direita, para rejeitar no Parlamento o Programa de Estabilidade e Crescimento. O documento, conhecido por PEC 4, avançava com novas medidas de austeridade, com destaque para cortes nas pensões. E tinha sido “articulado com as autoridades europeias”, conta Fernando Teixeira dos Santos, que era, na altura, o ministro das Finanças. A lógica era de “programa cautelar, figura que, formalmente, ainda não existia, mas o trabalho já estava em curso no Eurogrupo”, explica Teixeira dos Santos.

José Sócrates demite-se e o país avança para eleições antecipadas. A partir desse momento, “o pedido de ajuda era inevitável”, vinca Teixeira dos Santos. Ainda assim, “pensava que ainda poderíamos ter algum tempo, e ser um novo governo tomar uma decisão”, lembra. Contudo, “há coisas que se precipitam”.