Foram ‘quentes’ os dias que culminaram no pedido de ajuda internacional, anunciado na televisão pelo primeiro-ministro, José Sócrates, a 6 de abril de 2011. E começam a contar-se a 23 de março desse ano, quando a oposição uniu-se da esquerda à direita, para rejeitar no Parlamento o Programa de Estabilidade e Crescimento. O documento, conhecido por PEC 4, avançava com novas medidas de austeridade, com destaque para cortes nas pensões. E tinha sido “articulado com as autoridades europeias”, conta Fernando Teixeira dos Santos, que era, na altura, o ministro das Finanças. A lógica era de “programa cautelar, figura que, formalmente, ainda não existia, mas o trabalho já estava em curso no Eurogrupo”, explica Teixeira dos Santos.
José Sócrates demite-se e o país avança para eleições antecipadas. A partir desse momento, “o pedido de ajuda era inevitável”, vinca Teixeira dos Santos. Ainda assim, “pensava que ainda poderíamos ter algum tempo, e ser um novo governo tomar uma decisão”, lembra. Contudo, “há coisas que se precipitam”.