Exclusivo

Economia

Portugueses pedem menos comida, restaurantes começam a cobrar extras: “É para prevenir abusos, queremos ter clientes e não correr com eles”

Estabelecimentos alegam que o consumo médio por pessoa está a “diminuir drasticamente” e que a prática de divisão de pratos envolve custos. A Deco ainda não recebeu reclamações formais por taxas extra, frisando que devem corresponder a um serviço efetivo e comunicadas claramente ao consumidor - e que, apesar de legais, “não são uma boa prática”

O restaurante Lado B, no Porto, lançou há seis anos uma taxa de um euro para partilhar meia dose de francesinha, "mas raramente é cobrada, é so para acautelar custos inerentes e eventuais abusos", garante o proprietário, Artur Ribeiro
Rui Farinha / NFactos

É um sinal do impacto da inflação, em ambos os lados: os portugueses, confrontados com menor poder de compra, estão cada vez mais a partilhar pratos ou sobremesas destinadas a apenas uma pessoa quando vão a restaurantes – e os estabelecimentos, também a braços com aumento de custos, começam a cobrar taxas extra por uso de talheres ou de loiça. Apesar de poder ser impopular, esta cobrança é legal, desde que venha expressa no menu.

A procura por restaurantes mantém-se, o movimento não regista grandes quebras, mas o que está a “diminuir drasticamente” é o consumo médio por pessoa (chamado ticket, na gíria do sector), segundo avança a Associação Nacional de Restaurantes (Pro.Var), enfatizando a “tendência crescente” de cobrar extras para fazer face ao aumento de custos.

“As pessoas, em vez de pedirem uma refeição completa como faziam, abdicam da típica entrada, uma travessa para dois dá para três ou para quatro, a sobremesa é para dividir, ou pedem vinhos mais baratos”, exemplifica Daniel Serra, presidente da Pro.Var, frisando que “esta alteração mexe com todo o modelo de negócio dos restaurantes, feito em função de se fazerem refeições completas para pagar os custos”.