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Economia

O ‘oásis’ que não salvou Portugal na recessão de 93

1993 foi ano de recessão na Europa. Braga de Macedo acreditava que economia portuguesa iria escapar. Não escapou

Antonio Pedro Ferreira

A famosa “teoria do oásis”, celebrizada por Jorge Braga de Macedo, nasceu em setembro de 1992. O então ministro das Finanças de Cavaco Silva dizia no “Diário de Notícias”, a propósito da recessão que se aproximava na Europa, que “Portugal é um oásis, é bom pensar nisso...”. Queria dizer que, com ou sem crise no continente europeu, a economia portuguesa escaparia à tormenta. O PIB crescia há oito anos ininterruptos, desde 1984, durante a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI), e o ministro não acreditava que perdesse balanço. No Orçamento do Estado para 1993, apresentado em outubro de 1992, Braga de Macedo previa um crescimento de 3% para o ano seguinte. E falava-se mesmo, no relatório, que “os traços mais salientes do cenário para 1993 são a aceleração do crescimento económico, em consonância com um cenário relativamente favorável para as economias mundial e comunitária, e continuação da redução gradual da inflação”. O PIB português acabou por cair 0,687% no ano seguinte.

À distância de 30 anos, com uma grave crise financeira e uma pandemia pelo meio, que provocaram problemas sérios em todo o mundo, ‘pequenas’ crises fruto das flutuações cíclicas da economia parecem sempre problemas menores. Até 2009, ano da Grande Recessão a nível mundial depois do estouro do Lehman Brothers, Portugal tinha vivido recessões sempre mais ou menos ligeiras e de impressionante regularidade. Tirando 1975, quando o PIB teve uma queda superior a 5%, a economia apenas esteve no vermelho em 1984 (-1,042%), durante a intervenção do FMI, em 1993 e em 2003, na sequência do abrandamento da economia global depois da explosão da bolha das empresas dot.com, do 11 de setembro de 2001 e, principalmente, com a chegada das medidas de austeridade e o ‘discurso da tanga’ de Durão Barroso.