O encerramento da refinaria de Matosinhos, anunciado em dezembro de 2020 e efetivado ainda no primeiro semestre de 2021, deixou centenas de trabalhadores com futuro incerto. E hoje, dois anos depois, a caminho dos três, ainda não há grandes soluções à vista. “Quando as soluções aparecerem, os trabalhadores já se afogaram”, disse, esta terça-feira, na Comissão de Ambiente e Energia, no Parlamento, João Marinho, dirigente sindical.
Em causa está o fecho da refinaria de Matosinhos, anunciado em dezembro de 2020 pela Galp que disse ter a intenção de concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos, o que acabou por acontecer em abril de 2021.
Na altura, o primeiro-ministro, António Costa, falou em dar “uma lição” à Galp, mostrando estar do lado dos trabalhadores relembrando a “necessidade de garantir emprego” aqueles que ali trabalhavam. Mas até ao momento nada aconteceu, acusaram, esta terça-feira, os sindicatos e a Comissão de Trabalhadores.
Questionados pelos deputados da comissão parlamentar quanto a novas oportunidades de emprego ou formativas, os sindicalistas presentes explicam que estas são desadequadas e que vêm tarde, numa altura em que o subsídio de desemprego dos afetados está mesmo a terminar, ou até já acabou.
O PS referiu uma formação para maquinistas de comboios, proposta esta segunda-feira 29 de maio, mas Mário Matos, da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal), relembrou que desde pelo menos julho de 2022 que andam a prometer formações até ao final do ano (2022), e só agora foram contactados.
Antes disso, “alguns trabalhadores foram contactados, trabalhadores com grande know how, para formações de talho ou churrasqueira”.
João Marinho, defendeu que os trabalhadores da refinaria poderiam ser reaproveitados, em resposta ao deputado único do Livre Rui Tavares. “Na área da biomassa e dos biocombustíveis, todas as valências poderiam ser aproveitadas, mas não nos foi proposto nada”, disse.
Os poucos trabalhadores que tentaram manter-se na Galp tiveram que entrar por concurso, correndo o risco de não entrar e, quando entraram, começaram de novo na base, como se fossem estagiários, explicou. E aqueles que conseguiram ir para Sines “tiveram de mudar a vida toda, levar a família, e como sabemos a habitação está como está”.