Economia

"Vamos até onde for necessário para ter a certeza de que a inflação estabiliza", diz presidente do BCE

Na abertura do Fórum do BCE, em Sintra, Christine Lagarde apontou que fará o necessário para estabilizar a inflação nos 2% a médio prazo

Christine Lagarde, presidente do BCE
KAI PFAFFENBACH/REUTERS

"Vamos até onde for necessário para ter a certeza de que a inflação estabiliza nos 2% a médio prazo", disse Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), na sua intervenção a abrir o fórum anual da instituição, que se realiza em Sintra.

Numa altura em que a inflação tem vindo a escalar, Lagarde admitiu que as projeções apontam para que fique assim "algum tempo", o que é "um grande desafio para a política monetária".

De acordo com a líder do banco central, a inflação reflete as "estruturas económicas e estratégias de dependência" da zona euro. O seu aumento deve-se ao choque na cadeia de abastecimentos e à elevada procura, à disrupção entre oferta e procura de energia, à guerra na Ucrânia, que aumentou o preço dos alimentos especialmente, e também à recuperação económica pós-pandemia, que levou a valores elevados de inflação nos serviços.

Apesar do aumento da inflação, Lagarde relembrou que, em resposta aa este fenómeno, o BCE iniciou uma política de "normalização" no final do ano passado. "A compra de ativos e outros programas chegam ao fim esta semana", lembrou a responsável, acrescentando que, no próximo mês, as taxas de juro irão subir 25 pontos base - tal como já tinha sido anunciado - "a primeira subida em 11 anos".

"Vamos continuar nesta normalização e vamos até onde for necessário para ter a certeza de que a inflação estabiliza nos 2% a médio prazo", afirmou.

A questão prende-se com "como agir". Tendo em conta a incerteza associada à inflação, a presidente do BCE considera que a resposta ideal será combinar políticas graduais com um carácter opcional. Isto porque uma política gradual "permite aos decisores políticos avaliarem a sua estratégia" e o carácter opcional "assegura que eles podem reajustar as suas políticas" de acordo com o que for preciso.

Lagarde deu como o exemplo a subida dos juros, que será gradual: 25 pontos-base em julho e depois está prevista a subida de outros 25 pontos-base em setembro. Porém, o carácter opcional permite que, caso seja necessário (inflação ainda maior ou sinais de graves abrandamentos económicos), o BCE possa aumentar ainda mais os juros em setembro.