Economia

Crescimento da economia portuguesa está a abrandar em maio face ao ano passado

Depois de um crescimento expressivo em abril, a expansão da atividade económica em Portugal começou a perder gás no final do mês e a tendência intensificou-se no arranque de maio

Foto: Getty Images

Depois de muitas semanas com um crescimento expressivo, apesar do conflito militar na Ucrânia e da escalada da inflação, o crescimento da atividade económica em Portugal face ao ano passado tem vindo a perder força desde o final de abril e essa tendência intensificou-se no arranque de maio. É isso que sinaliza o indicador diário de atividade económica (DEI), calculado pelo Banco de Portugal (BdP), e cujos dados foram atualizados esta quinta-feira.

Segundo uma nota publicada pelo BdP na sua página na internet, “na semana terminada a 8 de maio, o indicador diário de atividade económica (DEI) aponta para uma taxa de variação homóloga da atividade inferior à observada na semana anterior”.

Nessa semana – que abrange o período entre 2 de maio e 8 de maio –, a média móvel semanal do DEI indica um crescimento homólogo da atividade económica de 2,9%.

Isto depois de na semana anterior – que abrange o período entre 25 de abril e 1 de maio – registar uma expansão de 4,5%. Já na semana entre 18 de abril e 24 de abril, o DEI sinalizava um crescimento da atividade económica em Portugal de 10,5%. Aliás, este indicador compósito que procura traçar, quase em tempo real, em retrato da evolução da atividade económica no país, cresceu acima dos 9% durante quase todo o mês de abril.

Estes números sinalizam que a atividade económica em Portugal está a perder fôlego face ao mesmo período do ano passado, num contexto marcado pelo impacto da guerra na Ucrânia, nomeadamente ao nível do abrandamento de vários países parceiros da União Europeia e da escalada da inflação.

É um sinal de alerta, mas é preciso ter em conta que, ao contrário do que aconteceu até meio de março, quando os valores do DEI comparavam com um período do ano passado em que o país estava "fechado" no seu segundo confinamento geral para travar a pandemia de covid-19, a comparação agora ocorre com um período em que Portugal já tinha "reaberto" e a atividade económica estava a evoluir de forma dinâmica.

Há outro sinal de alerta. O Banco de Portugal calcula também a taxa trienal do DEI, que traduz o crescimento acumulado num período de três anos. Ora, na semana terminada a 8 de maio, esta taxa ficou num valor ligeiramente negativo, nos -0,3%, sinalizando que a atividade económica em Portugal ficou ligeiramente abaixo do registado na mesma semana de 2019, antes da pandemia de covid-19.

Isto quando esta taxa trienal estava em valores positivos desde meados de fevereiro, sinalizando que desde essa altura - e até ao arranque de maio - a economia portuguesa está a operar acima do patamar de 2019.

O DEI é um indicador compósito, calculado pelo BdP, que reúne dados de alta frequência e procura traçar um retrato, quase em tempo real, da evolução da atividade económica em Portugal. Assim, cobre diversas dimensões, sumariando a informação das seguintes variáveis diárias: tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, consumo de eletricidade e de gás natural, carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes. Os dados são habitualmente atualizados à quinta-feira pelo BdP.