Em poucas semanas, em fevereiro, a economia mundial foi abalada por um novo choque, ainda o anterior, provocado pela pandemia em 2020, não estava totalmente sarado.
A invasão da Ucrânia pela Rússia e os pacotes de sanções económicas e financeiras a Moscovo alteraram, completamente, o cenário de crescimento económico previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "O choque geopolítico caiu em cima de um momento em que a economia mundial ainda não estava totalmente recuperada da pandemia", refere o World Economic Outlook (WEO) publicado esta terça-feira pelo Fundo.
O efeito global deste choque geopolítico levou os economistas do Fundo a reverem em baixa as previsões para o crescimento mundial e a subirem as projeções para a inflação em 2022. A economia mundial vai crescer 3,6%, quando ainda há seis meses se antecipava quase 5%, e a inflação nas economias desenvolvidas vai subir para 6,1% e nos mercados emergentes para 8,7%.
Apesar de os economistas do FMI esperaram que o crescimento no próximo ano se mantenha em 3,6% à escala mundial, a trajetória para os quatro anos seguintes é que estabilize em torno de 3,3%. É uma taxa superior aos 2,9% registados em média entre 2014 e 2021 (incluindo a recessão de 2020 provocada pela pandemia e os efeitos do Brexit e da eleição de Trump nos EUA em 2016), mas claramente abaixo de 4,1% para o período de 2004 a 2013, que incluiu uma recessão global e uma crise das dívidas na zona euro.