O Novo Banco diz que a venda da sua sucursal em Espanha em 2021, que gerou perdas de 147 milhões de euros, se justificou.
Esta é uma informação que surge na sequência da noticia do Expresso na qual é dito que a auditoria da Deloitte não viu razão para que o Novo Banco vendesse a sucursal em Espanha.
Segundo apurou o Expresso, a auditoria da Deloitte à injeção de capital no Novo Banco em 2020 questiona a venda da sucursal e as perdas geradas mesma. Mais, uma das conclusões da auditoria tem a ver com o facto de a venda da sucursal em Espanha carecer de justificação “racional” por parte da gestão, já que a mesma não está documentada.
O Novo Banco vem dizer que "ao contrário do que é sugerido no artigo, não pode deixar de clarificar e negar a opinião expressa atribuída à Deloitte, operação que segundo fonte referida, 'carece de justificação racional', e que acrescenta 'não foi devidamente justificada pela gestão do banco'".
O banco liderado por António Ramalho afirma ainda que o relatório da Deloitte, apesar de ainda não ser público, diz que "a sucursal acumulava sucessivos prejuízos, desde 2014, num total de 578 milhões de euros, conforme quadro na pagina 33, apesar dos vários processo de reestruturação implementados, redução da estrutura de custos, redução da rede e de colaboradores", o que na opinião do banco "só este facto justificaria objetivamente a decisão de venda". E que "as razões e o racional da venda estão bem referidas no relatório quando a Deloitte expõe as decisões tomadas na Comissão Executiva (CAE) de 28 de outubro de 2020, data em que os ativos e passivos de Espanha foram reclassificados como 'operações descontinuadas'. É nesse momento que se opera a obrigatoriedade de contabilizar potenciais prejuízos de acordo com o IFRS5."
O relatório de auditoria, segundo apurou o Expresso, especificou algumas razões relativamente à venda da sucursal, tais como não haver evidência de ter havido comparação entre o impacto do desinvestimento e a sua continuidade, apesar dos prejuízos causados pela operação. Na auditoria, sabe o Expresso, também é referido que não havia qualquer obrigação de vender a sucursal no âmbito dos acordos com a Comissão Europeia. Mais que, em 2019, esta fazia parte do plano de reestruturação, que consistia na redução de custos através de redução da sua rede e de trabalhadores. E que só em 2020, ano de pandemia se equacionou a sua venda apesar do Fundo de Resolução considerar não ser altura para vender ativos.
Recorde-se que em 2020 o Novo Banco pediu €598 milhões, mas o Fundo de Resolução apenas pagou €429 milhões, levando para o tribunal arbitral as perdas relativas à venda da sucursal em Espanha (€147,5 milhões), assim como a avaliação dos fundos de reestruturação (€18 milhões). É neste contexto que a auditoria acaba por dar razão ao não pagamento da perda associada à venda da sucursal por parte do Fundo de Resolução.
O Novo Banco faz questão de salientar que "a auditoria é factual e portanto não corresponde à verdade a opinião referida no artigo de que 'a auditoria acaba por dar razão ao não pagamento da perda associada à venda da sucursal por parte do Fundo de Resolução”.
Quanto às perdas registadas na venda desta operação, o Novo Banco refere que "a imparidade constituída em 2020 de 166 milhões de euros teve um impacto no montante apurado para o efeito de pagamento de CCA [capitalização contingente] de 147,4 milhões de euros, referente a esse ano. Mas dever-se-ia referir que a venda permitiu reduzir idêntico montante de capital necessário em 2021, com a conclusão da transação".