Pedro Nuno Santos sabe bem o que tem de fazer neste novo Governo. Na verdade, seria estranho que continuasse no Governo sem as pastas pelas quais deu a cara nos últimos anos e que o tornaram um dos mais mediáticos — e incómodos — ministros do anterior Executivo. Poderá colher os louros dos muitos investimentos na ferrovia, mas também poderá ter de colher tempestades na TAP ou ainda na localização do novo aeroporto de Lisboa — há quase 60 anos à espera de ser construído. No seu superministério cabem também os portos, onde a turbulência social pode sempre existir, e há desafios como a construção do terminal de contentores Vasco da Gama, em Sines. Na ferrovia há muita obra em projeto e em curso para anunciar e inaugurar e aqui o desafio é que os prazos não derrapem. O Corredor Internacional Sul, que tem o troço entre Évora e Elvas em construção, deverá estar concluído no fim de 2023, o que permitirá ligar Lisboa a Madrid por alta velocidade. Talvez seja só nessa altura que volte a haver ligações entre as duas cidades, suspensas em março de 2020 por causa da pandemia. O Governo diz que não desiste de as retomar, apesar do desinteresse de Espanha.
Posicionar a CP para a alta velocidade é outra das apostas, já que está também prevista uma nova linha Porto-Lisboa, que deverá estar praticamente concluída em 2030. Mas para a empresa poder ir a jogo tem de ser resolvida a sua dívida histórica — algo que o Orçamento do Estado já previa, e que deverá ser retomado na nova versão que será apresentada dentro de dias. O financiamento da compra de comboios está a ser feito maioritariamente através de fundos europeus, com a comparticipação nacional a ser feita através do Fundo Ambiental.