António Ramalho, presidente do Novo Banco desde 2016, vai deixar de liderar o banco a partir de agosto. Comunicou-o ao Conselho Geral e de Supervisão esta quinta-feira.
2021 foi o primeiro ano em que as contas do banco deram lucros e o plano de reestruturação chega ao fim. António Ramalho sairá depois de apresentar as contas do primeiro semestre, mas ficará ligado ao banco como assessor.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Novo Banco confirmou a saída, indicando que "vão ser desencadeados pelo órgão competente, o Comité de Nomeações do CGS (Conselho Geral e de Supervisão), os procedimentos com vista à sua sucessão, e as suas conclusões serão anunciadas oportunamente".
"Por forma a garantir uma transição tranquila e sem qualquer perturbação, António Ramalho vai permanecer no cargo de CEO do Novo Banco até ao início de agosto, após a apresentação dos resultados do primeiro semestre de 2022", refere a instituição financeira.
O comunicado refere ainda que "o Novo Banco e António Ramalho celebraram um acordo de serviços de consultoria e assessoria, com reporte direto ao presidente do CGS". Os termos detalhados desse acordo não foram divulgados.
O Novo Banco realça, no seu comunicado, que António Ramalho "nos últimos quatro anos concluiu a limpeza do balanço do banco de todos os problemas do legado herdado do antigo BES, conduziu o Novo Banco a um caminho de rentabilidade sustentável e concluiu o plano de reestruturação de acordo com os compromissos acordados entre a República Portuguesa e a Comissão Europeia".
Byron Haynes, presidente do CGS do Novo Banco, não poupou elogios a Ramalho. "Faço questão em agradecer a António Ramalho a sua liderança ímpar, a sua dedicação e o seu contributo para garantir a viabilidade de longo-prazo do Novo Banco", comentou Haynes no comunicado.
O presidente do CGS referiu ainda que "António Ramalho foi o rosto da liderança de um processo de transformação do banco, que incluiu a concretização de todos os compromissos definidos no Plano de Reestruturação".
Recorde-se que a 23 de março, ao Expresso, o Conselho Geral e de Supervisão do Novo Banco afirmou que “António Ramalho agiu com total integridade”, quando questionado sobre as escutas do processo judicial Cartão Vermelho e a sua eventual proximidade com Luís Filipe Vieira.
Por seu lado, António Ramalho sublinhou o "privilégio que constituiu a possibilidade de liderar uma vasta equipa num processo único e irrepetível, numa conjuntura adversa e em cujo sucesso poucos acreditavam, preservando um banco sistémico, milhares de postos de trabalho e um incontável número de empresas, e dessa forma o normal funcionamento da Economia Portuguesa".
António Ramalho chegou ao Novo Banco em 2016 para suceder a Eduardo Stock da Cunha e depois de um interregno no seu percurso pela banca, nomeadamente pelo BCP.
Saiu da Infraestruturas de Portugal e foi presidente executivo do Novo Banco ainda antes de a Lone Star ter assumido 75% do capital do banco em 2017 e ter injetado 1000 milhões de euros, com uma garantia de 3,9 mil milhões de euros de almofada, para fazer face aos ativos tóxicos do ex-BES, quando estes fizessem os rácios de capital cair abaixo dos 12%. Dos 3,9 mil milhões de euros foram gastos 3,5 mil milhões de euros desde 2017.
(Notícia atualizada às 15h10 com mais informação)