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Economia

Vasco de Mello: “São as grandes empresas que pagam maiores salários”

O presidente da Associação Business Roundtable Portugal, que junta 42 das maiores empresas portuguesas, avança as primeiras propostas para acelerar o crescimento português. Partilha o objetivo do Governo de aumentar os salários mas diz que é a escala das empresas que pode fazer a diferença. E revela o que já está a ser feito na requalificação de trabalhadores em parceria com o Estado.

Vasco de Mello assumiu em junho do ano passado a liderança da associação que junta 42 grandes empresas

Há vários anos que a subida geral dos salários — o salário médio — é um objetivo do Governo. António Costa voltou a inscrevê-lo no programa para a nova legislatura. Uma das ideias, ainda por definir, é usar o IRC como incentivo para as empresas pagarem mais aos trabalhadores. Vasco de Mello, presidente da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), concorda com a ideia de aumentar os salários — “objetivo que todos comungamos” — mas duvida da eficácia da medida. As subidas de salários não podem “estar desligadas da produtividade e da competitividade da nossa economia” e “a questão fiscal deve ser uma situa­ção mais simples, mais virada para o conjunto das empresas, do que estar a criar situações diferenciadas”. Maiores salários, diz o empresário, passam por ter empresas maiores: “Precisamos de ter empresas maiores porque são as que conseguem ter maior produtividade, ser mais competitivas, investir mais em inovação, gerar maior riqueza e pagar maiores salários.”

A BRP, criada em junho de 2021 com 42 grandes empresas, tem três eixos de intervenção — Pessoas, Empresas e Estado — e pretende contribuir, com propostas e medidas, para acelerar o crescimento português e colocar Portugal entre os primeiros 15 países da União Europeia no PIB per capita. Para as empresas, uma das prioridades é precisamente criar condições para ter maiores grandes empresas. É isso, sublinha Vasco de Mello, que faz a diferença para outros países: “Em Portugal, as grandes empresas representam 29% do PIB, em Espanha 38% e na Alemanha 50%. Conseguirmos ter mais 600 empresas colocar-nos-ia ao nível de Espanha.”