"A recuperação global prossegue mas a dinâmica enfraqueceu". Este é o aviso com que o Fundo Monetário Internacional (FMI) abre o World Economic Outlook de outubro, apresentado esta terça-feira, em Washington, nos Estados Unidos. E a explicação está na pandemia de covid-19.
Com a variante delta, altamente transmissível, a "refrear um regresso total à normalidade", o FMI destaca que "surtos da pandemia em pontos críticos das cadeias de abastecimento globais resultaram em disrupções da oferta mais longas do que o esperado, alimentando a inflação em muitos países". E não tem dúvidas de que "os riscos para as perspetivas económicas aumentaram e os trade-off das políticas tornaram-se mais complexos".
O FMI espera agora um crescimento da economia mundial de 5,9% em 2021 (uma revisão marginal em baixa face a julho), mantendo-se a projeção para 2022 inalterada nos 4,9%.
Contudo o cenário é muito diferente entre países. Para o grupo dos países em desenvolvimento de baixo rendimento, o cenário "piorou consideravelmente". Quanto às economias avançadas, as perspetivas de curto-prazo são "mais difíceis", em parte devido às disrupções do lado da oferta.
Em sentido contrário, as projeções para alguns países exportadores de commodities foram revistas em alta, devido à subida de preços das commodities.
Tudo somado, o FMI deixa um aviso claro: "a divergência perigosa nas perspetivas economicas entre países permanece uma preocupação importante". A instituição antecipa que o produto agregado das eocnomias avançadas volte à trajetória de crescimento pré-pandemia em 2022, superando esse patamar em 0,9% em 2024. Em contrate, o produto agregado do grupo dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento (excluindo a CHina) deve permanecer 5,5% abaixo das projeções prépandemia em 2024.
Explicação? O FMI destaca que "estas divergências são uma consequência da "grande divisão das vacinas" e de grandes disparidades no apoio das políticas públicas.
"Enquanto mais de 60% da população nas economias avançadas está completamente vacinada e alguns estão agora a receber doses de reforço, cerca de 96% da população nos países de baixo rendimento permanece sem ser vacinada", constata o FMI. Acresce que "muitas economias emergentes e em desenvolvimento, perante condições financeiras mais apertadas e um maior risco de desancorar as expetativas de inflação, estão a retirar políticas de apoio mais rapidamente", apesar dos défices ao nível do produto.
Neste contexto, o Fundo não tem dúvidas em apontar como principal prioridade das políticas públicas a vacinação contra a covid-19. E aponta como meta vacinar pelo menos 40% da população em todos os países até final de 2021, atingindo pelo menos 70% em meados de 2022. "Isto vai exigir que os países de elevado rendimento preencham os pedidos de doação de doses de vacinas, coordenado com os produtores de vacinas darem prioridade às entregas à COVAX no curto-prazo".