Economia

Rui Pinto gera discórdia no inquérito ao Novo Banco. PSD quer explicações do PAN

Ida de Rui Pinto à comissão de inquérito ao Novo Banco é discutida na próxima quinta-feira

Sonja Och

Rui Pinto é o protagonista de um desacordo na comissão de inquérito ao Novo Banco, e a sua convocatória será discutida na próxima quinta-feira, 20 de maio. É lá que vão estar em confronto dois requerimentos: o do PAN, que insiste em chamar o cidadão que está a ser julgado por pirataria informática, por Rui Pinto ter afirmado dispor de informações sobre o passado do BES; e o do PSD, que quer perceber, de forma mais fundamentada, qual a razão para aquela audição.

Rui Pinto é um dos nomes que constam da lista de audições pedida pelo PAN no arranque da comissão de inquérito. Só que a sessão com o autor do Football Leaks e do Luanda Leaks, atualmente em julgamento, continua por agendar. Na calendarização de audições, Rui Pinto encontra-se, tal como Vítor Constâncio, “pendente de agendamento”.

O PAN não está satisfeito com esta indicação e, por isso, enviou uma carta ao presidente da comissão de inquérito, o social-democrata Fernando Negrão, em que deixou a indicação que não prescinde de ouvir Rui Pinto. “Reitera-se, muito respeitosamente e muito veementemente, o pedido para que seja ouvido com a máxima urgência e em conformidade com o acordado na última reunião”, indica a missiva, citada pelo "Público" este fim de semana.

“Face ao e-mail do PAN referente à audição do Sr. Rui Pinto, Solicito uma reunião de Mesa e coordenadores para o proponente nos municiar com informação sobre a relevância deste depoimento para o objeto da nossa Comissão”, pediu o coordenador do PSD na comissão, Duarte Pacheco.

O tema é urgente e a reunião para a discussão dos dois requerimentos por parte dos deputados coordenadores da comissão irá decorrer na próxima quinta-feira, após a audição do devedor Nuno Vasconcellos, da Ongoing (dia 20, pelas 15h), e após uma semana recheada de sessões: de Carlos Costa (dia 17, pelas 15h), Luís Máximo dos Santos (18, pelas 9h30), Mário Centeno (18, pelas 15h) e António Ramalho (dia 19, pelas 9h30).

O PAN pretende esclarecimentos de Rui Pinto sobre o BES Angola, “para que explique e apresente os documentos que afirma comprovarem um desvio de 600 milhões de euros através da criação de empresas meramente instrumentais, depósitos fictícios e transferências bancárias para off-shores como as Ilhas Virgens Britânicas e Seychelles”.

Do lado dos sociais-democratas, é preciso ter certezas sobre o que poderá justificar a audição, já que Rui Pinto está atualmente a ser julgado por ataques informáticos que visaram a Doyen e o Sporting e que também abrangeram a sociedade de advogados PLMJ e a Federação Portuguesa de Futebol, entre outras entidades.

Aliás, a sua convocatória já tinha levado advogados penalistas a juntarem-se num pedido ao Parlamento para não o convocarem, por a prova de Rui Pinto poder ter sido obtida de forma criminosa, o que levou Francisco Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto, a abandonar a associação de advogados (Fórum Penal) que quis travar a audição.