"Não discutimos qualquer descontinuação do PEPP na reunião", confirmou Christine Lagarde, a presidente do Banco Central Europeu (BCE) na conferência de imprensa que se seguiu à terceira reunião do ano do Conselho de banqueiros centrais do euro.
"E seria puramente prematuro fazê-lo. Ainda temos uma longa ponte para atravessar no quadro desta pandemia", acrescentou a francesa.
Lagarde respondeu a várias questões colocadas pelos jornalistas que apontavam para pressões dentro do próprio BCE para a discussão de uma perspetiva de descontinuação do programa de emergência face à melhoria da conjuntura na zona euro.
A pressão mais forte foi manifestada recentemente por Klaas Knot, governador do DNB, o banco central dos Países Baixos, apontando para uma descontinuação já no terceiro trimestre do ano, depois da reunião da próxima reunião, a 10 de junho.
A presidente do BCE sublinhou que a conjuntura de curto prazo continua a ser marcada pela incerteza e que o balanço entre os prós e os contra continua no sentido negativo. O que fundamenta a estratégia, reafirmada na reunião desta quinta-feira, de reforçar as aquisições mensais de dívida por parte do PEPP.
Lagarde sublinhou que, desde 16 de março, após a decisão tomada na reunião do dia 11, "as compras foram significativamente aumentadas". E que essa estratégia vai manter-se durante todo o segundo trimestre.
Aconselhou os analistas a analisarem os volumes mensais de compras e não o ritmo semanal. De facto, em março, as aquisições ao abrigo do PEPP subiram para €73,5 mil milhões, quase 14 mil milhões de euros mais do que em fevereiro e mais de 20 mil milhões do que em janeiro.
O ritmo de compras depende dos "dados" do terreno, macroeconómicos e das condições financeiras, sublinhou Lagarde. Deste modo, novas previsões serão avançadas na próxima reunião a 10 de junho, altura em que uma nova "recalibragem" do programa poderá ser discutida, acrescentou a presidente do BCE.
Christine Lagarde reafirmou que o BCE não aplica o controlo da curva de juros da dívida da zona euro, como o fazem o Banco do Japão ou o Banco da Reserva da Austrália. Os juros têm aumentado, particularmente no médio e longo prazos, desde a reunião de 11 de março, apesar da aceleração nas compras de títulos a partir de 16 de março. Mas, a presidente do BCE, considerou que, olhando no conjunto para os juros nominais e os reais (descontando a inflação) a situação "está estável".