Economia

Covid-19. Economia espanhola cai 11% em 2020 e francesa contrai 8%, valores inéditos em tempos de paz

A resposta à pandemia de covid-19 levou a uma contração que não se via há mais de meio século nas duas economias da zona euro, que são, também, os dois maiores clientes de exportações de Portugal. Na Alemanha, a maior economia do mundo, a queda do PIB foi de 5%

SOPA Images/Getty Images

Não é surpresa que a pandemia de covid-19 e a resposta dos governos, com o confinamento das populações, abalaram a economia do mundo em 2020. Os números divulgados sobre Alemanha, Espanha e França confirmam contrações que já não se viam desde os tempos da guerra: Guerra Civil, no caso espanhol; Segunda Guerra Mundial, no exemplo francês.

Em Espanha, e apesar das restrições existentes para conter a disseminação do vírus causador da covid-19, o produto interno bruto conseguiu subir 0,4% no quarto trimestre, em relação ao trimestre anterior, de acordo com o Instituto Espanhol de Estatísticas (equivalente ao português INE). No trimestre anterior, que cobre os meses de julho a setembro, tinha havido um crescimento de 16,4%, com as menores restrições impostas.

No conjunto do ano, o PIB espanhol contraiu 11%, depois de, em 2019, ter crescido uns exatos 2%. O consumo deu um contributo negativo para esta evolução, como também as exportações de bens e serviços (Espanha, como Portugal, é um país ligado ao turismo, fortemente abalado pela covid-19).

O jornal económico Cinco Días refere que o retrocesso económico é o maior desde, pelo menos a Guerra Civil, que se viveu nos anos 30 do século XX. Ou seja, e como intitula o El Mundo, em tempos de paz, nunca houve uma quebra económica tão expressiva.

França cai 8,3%

No que diz respeito a França, o instituto de estatística INSEE revela que a economia recuou 8,3% em todo o ano de 2020, ficando acima do que era a previsão do Governo de Emmanuel Macron, que esperava uma contração de 11%, e do número antecipado pelo próprio instituto (-9%). Em 2019, o PIB francês tinha avançado 1,5%.

Apesar de não ser tão pessimista como as previsões, esta é a contração do PIB de França mais relevante desde a Segunda Guerra Mundial, como frisa o Le Monde.

A ajudar a que a queda do PIB não tenha sido tão intensa como o antecipado esteve o desempenho nos últimos meses do ano. A contração no último trimestre foi de 1,3%, um deslize inferior ao esperado pelo conjunto de 28 economistas ouvidos pela Reuters, que apontavam para um intervalo entre -1,4% e 5,3%. No trimestre anterior, o PIB gaulês disparou 18,5%, como relembra o instituto de estatísticas.

“A perda de atividade neste trimestre é marcada pelo confinamento em vigor desde o fim de outro até meados de dezembro e pelo recolher obrigatório existente de outubro a dezembro”, explica o instituto de estatística INSEE. O efeito foi sentido, sobretudo, no consumo, sendo que no que diz respeito ao comércio externo, até houve um contributo positivo, com as exportações a crescerem.

Alemanha recua 5%

Na Alemanha, a economia cresceu 0,1% no último trimestre de 2020, em relação ao trimestre anterior. “Depois de uma quebra histórica de 9,7% do PIB no segundo trimestre de 2020, a economia germânica recuperou no verão (8,5% no terceiro trimestre). Porém, no quarto trimestre, o processo de recuperação abrandou devido à segunda vaga de coronavírus e ao outro confinamento imposto no final do ano”, segundo o gabinete de estatísticas.

“Isto afetou o consumo das famílias, em particular, embora as exportações de bens e a formação bruta de capital fixo na construção tenham suportado a economia”, continua o instituto.

Em todo o ano de 2020, a quebra do PIB alemão foi de 5%, a segunda maior desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com a Reuters.

Espanha, França e Alemanha são os principais clientes das exportações nacionais, sendo que, na próxima semana, dia 2, o português Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulgará a sua estimativa rápida das contas nacionais. Apesar dos números expressivos, as quedas são inferiores ao esperado - ainda há dias, o Fundo Monetário Internacional tinha referido que a recessão mundial em 2020 foi menos intensa do que se chegou a temer.

(notícia atualizada às 12.02 com informações sobre PIB alemão)