Economia

Portugueses continuam a falhar na prevenção de ciberataques, alerta o Observatório de Cibersegurança

Quase um quarto dos portugueses recusa enveredar pelo comércio eletrónico por receio de ciberataque. A solução tem de passar por mais cuidado e não pela rejeição, recorda o Observatório de Cibersegurança

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O Observatório de Cibersegurança revelou o balanço sobre as atitudes dos portugueses face às ameaças que pairam na Internet durante 2019 e com alguns números que confirmam o crescendo de ciberincidentes durante a pandemia e os confinamentos que puseram grande parte do país a trabalhar e a estudar a partir de casa. O relatório publicado esta quarta-feira recorda que o número de ciberincidentes que foram reportados durante o primeiro semestre de 2020 à equipa operacional do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) cresceu 101% face ao primeiro semestre de 2019. Em paralelo, é ainda revelado que, segundo o Eurostat, 23% dos portugueses não fazem compras na Internet por receio, quando a média da UE não passa dos 6%.

“No comércio eletrónico os portugueses revelam ter comportamentos preventivos, mas a solução não pode passar por deixar de usar, mas sim ter mais cuidado quando se usa”, explica Pedro Mendonça, consultor do CNCS e autor do relatório agora publicado pelo Observatório de Cibersegurança sobre os comportamentos dos portugueses face às ameaças que pairam na Internet.

Os dados que o Observatório de Cibersegurança recolheu de diferentes fontes revelam que 77% dos portugueses revelam preocupação quanto ao cibercrime (66% é a média da UE), e também já procederam a alterações comportamentais em 20% dos casos para evitarem as ciberameaças (na UE, a média é de 35%). O Observatório de Cibersegurança também indica que 41% dos portugueses alteraram as palavras-passe nos últimos 12 meses, sendo que a média europeia está fixada em 69%.

A estes dados junta-se outro: a maioria dos portugueses não contacta as polícias quando está perante uma ciberameaça.

“Os portugueses até revelam algumas preocupações face às ciberameaças, mas nem sempre têm os melhores comportamentos preventivos, como é caso das atualizações de software em dia, ou não abrir um e-mail de desconhecidos. Estas boas práticas ainda são insuficientes face à média da UE”, explica Pedro Mendonça, admitindo ainda que no que toca à reação dos internautas lusos perante as ameaças também há uma grande margem de progressão.

O Observatório da Cibersegurança recorda que o phishing, uma técnica de ataque que é desencadeada na Internet tendo por ponto de partida mensagens em que um hacker se faz passar por uma entidade fidedigna para extrair credenciais de acesso a serviços bancários ou computadores ou telemóveis, continua a liderar entre as ameaças que mais afetaram os internautas portugueses – e que, segundo o Observatório de Cibersegurança, terá contribuído para o aumento dos ciberincidentes entretanto reportados.

“Este tipo de incidente foi o mais frequente até agosto de 2020, correspondendo a 36% dos incidentes registados (em 2019, o valor foi de 31% no final do ano, sendo que o phishing também foi o tipo de incidente que mais se notabilizou)”, refere o relatório do Observatório de Cibersegurança. Os especialistas do CNCS referem ainda que, durante o primeiro trimestre de 2020, 37% das campanhas de phishing detetadas afetaram o sector bancário.