Exclusivo

Economia

Como uma investigadora portuguesa encontrou forma de conhecer o interior do cérebro ao milímetro

Nas salas de operações, não há o hábito de usar ultrassons, mas Inês Machado pode ter mudado de paradigma com uma tecnologia que ajuda a conhecer os limites de um tumor cerebral com imagens em tempo real que viabilizam cirurgias demasiado arriscadas para serem feitas

Antes e depois dos ultrassons: Na primeira coluna, encotram-se imagens de ressonância magnética de três pacientes com tumores cerebrais. Na segunda coluna figuram três imagens produzidas com ultrassons dos cérebros dos mesmos pacientes. E por fim, na terceira coluna encontram-se as imagens produzidas pelos algoritmos desenvolvidos por Inês Machado, que combinam ultrassons e ressonância magnética

A maioria das pessoas nunca precisará de saber o que é um brainshift, mas para os neurocirurgiões é um tema recorrente, sempre que têm de fazer uma craniotomia, para a extração de um tumor cerebral. Tudo começa com uma ressonância magnética que permite mapear tecidos doentes e saudáveis. Depois retira-se o osso e a película que envolve o cérebro, e aí é expelido o líquido cefalorraquidiano – e dá-se o brainshift com uma alteração da posição do cérebro. Resultado: a posição registada pela ressonância magnética já não corresponde à posição após brainshift. O que pode inviabilizar uma cirurgia. E é nesse cenário menos auspicioso que Inês Machado, professora no King’s College, de Londres, desenvolveu uns quantos algoritmos que, além de um prémio da Fraunhofer Portugal, prometem salvar vidas no mundo inteiro.