Economia

Sonae vende mais e investe mais, mas tem prejuízo de 24 milhões

“Continuamos a preservar o nosso balanço, implementando várias iniciativas de preservação de liquidez em todos os negócios e refinanciando montantes importantes de dívida”, destaca Cláudia Azevedo na apresentação das contas do grupo que seguem cada vez mais ao ritmo do online

Cláudia Azevedo assumiu a presidência executiva da Sonae no final abril de 2019
Rui Duarte Silva

A Sonae fechou os primeiros nove meses do ano com um aumento de 6% no volume de negócios, para os 4,9 mil milhões de euros. E “mais de um terço do crescimento das vendas do grupo foi no online, com o e-commerce dos negócios integralmente consolidados a duplicarem” entre janeiro e setembro, diz o grupo liderado por Cláudia Azevedo na apresentação de contas, hoje divulgada na CMVM - Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.

O EBITDA subjacente aumentou 0,3%, para os 406 milhões de euros, com a margem a cair 0,5 pontos percentuais, para 8,3%, enquanto o resultado líquido foi negativo em 24 milhões de euros, contra lucros de 88 milhões no período homólogo.

Já no terceiro trimestre do ano, em que os negócios do grupo “foram menos impactados do que no segundo”, apesar “dos efeitos significativos” da pandemia “nos padrões de consumo, redução de turismo e restrições de convivência, que continuaram a afetar vários negócios”, a empresa registou um aumento de 1,6% nos lucros consolidados, que somaram 51 milhões de euros, apesar dos efeitos não recorrentes e do impacto da covid-19 e viu o EBITDA crescer 8,6%, com a margem a atingir os 10%.

Os números do investimento mostram uma subida de 37%, para os 376 milhões de euros, “a refletir expansão orgânica e aquisições”, enquanto a estrutura de capitais “permaneceu sólida, com redução da dívida líquida em 287 milhões de euros e um refinanciamento de mais de 650 milhões de euros, sublinha a empresa nos destaques do terceiro trimestre, marcado pela “resiliência, com todos os negócios a evidenciarem desempenhos sólidos, acima do mercado”.

O teste da nova vaga da pandemia

No comentário ao desempenho do grupo que lidera, Cláudia Azevedo afirma: “Continuamos a preservar o nosso balanço, implementando várias iniciativas de preservação de liquidez em todos os negócios e refinanciando montantes importantes de dívida. No total, a dívida líquida consolidada do Grupo diminuiu 287 milhões de euros para 1.233 milhões nos últimos 12 meses e todos os negócios mantêm níveis de alavancagem conservadores”.

Sem esquecer uma referência à “rápida resposta na frente digital dos nossos negócios e capacidade de todo o Grupo de inovar e de se adaptar rapidamente às circunstâncias em mudança”, a presidente executiva da Sonae fala do reforço da posição de liderança da Sonae MC, que cresceu 10% até setembro, para vendas de 3,8 mil milhões de euros, e do facto da Worten continuar a ganhar quota de mercado sustentada por uma abordagem omnicanal, “tendo atingindo pela primeira vez uma quota de mercado online superior à offline”.

Já na Sonae Sierra, “os centros comerciais mantiveram-se sob pressão, mas começaram a recuperar visitantes e vendas, tendo a equipa trabalhado em conjunto com os lojistas no sentido de encontrar soluções criativas de maximização das vendas offline e online”.

“As lojas da Sonae Fashion e da ISRG reabriram e mostraram sinais encorajadores, enquanto as vendas online se mantiveram em níveis recorde – em particular na MO, com as máscaras inovadoras MOxAd-Tech a impulsionarem as vendas online e internacionais”, acrescenta.

A Sonae FS regressou a níveis normalizados de produção de crédito e o Universo atingiu 400 mil clientes digitais e o desempenho operacional da Sonae IM foi e impulsionado pelas empresas de cibersegurança do seu portfólio e a ArcticWolf atingiu uma valorização superior a mil milhões de dólares, passando a ser considerada um “unicórnio”.

Quanto à NOS, “demonstrou a resiliência do seu negócio core de telecomunicações e concretizou importantes operações que permitiram melhorar a solidez financeira da empresa e garantir um rollout e operação de redes móveis mais rápidos, eficientes e ambientalmente sustentáveis”.

Quanto ao futuro, Cláudia Azevedo passa a mensagem de que a nova vaga da pandemia “irá certamente voltar a testar-nos". Mas, termina o comentário com uma nota de otimismo: “tendo enfrentado a primeira vaga como o fizemos, e dado o atual nível de preparação das nossas equipas, estou certa de que os nossos negócios serão capazes de continuar a satisfazer as necessidades dos nossos clientes e que a Sonae continuará a criar valor para todos os seus stakeholders.”

O grupo refere, ainda, a criação de 500 postos de trabalho nos últimos 12 meses e deixa uma nota sobre os efeitos da corrida aos supermercados na primeira fase do confinamento: as vendas da Sonae MC para a mesma base de negócios engordaram 7% “beneficiando sobretudo dos efeitos de açambarcamento que se verificaram no início do período e da redução do consumo fora de casa durante o confinamento, já que o crescimento no terceiro trimestre foi penalizado por um verão mais fraco”.