A economia digital é uma realidade que apresenta enormes desafios às organizações que queiram manter-se competitivas num mercado cada vez mais global. No entanto, para atingir estas metas, as empresas têm de preparar-se transformando as suas operações, processos e estratégias com o recurso às tecnologias da informação. A pandemia de covid-19 veio ‘empurrar’ muitas organizações mais tradicionais para um mundo desconhecido o que, como refere ao Expresso Mário Vaz, “teve um elevado impacto direto no seu modus operandi tradicional”. Na opinião do CEO da Vodafone Portugal, “a ‘remotização’ forçada dos modelos de trabalho, de produção, de comercialização, de socialização, de educação e de entretenimento provocou alterações nos paradigmas vigentes, as quais demorariam vários anos a ser alcançadas em circunstâncias normais”. Uma constatação que vai ao encontro das principais conclusões de um estudo realizado pela IBM a nível global, e que aponta a rapidez na transformação digital ocorrida durante os primeiros meses da pandemia. Seis em cada dez organizações acelerou a sua digitalização e, segundo dois terços dos gestores inquiridos, foram ultrapassadas barreiras estruturais que antes os impediam de finalizar iniciativas neste sentido.

Em Portugal, a situação é semelhante, como revela José Manuel Paraíso, presidente da IBM Portugal. “Sentimos esta necessidade de acelerar a jornada para a Cloud e Inteligência Artificial (IA). Clientes que já tinham iniciado o seu caminho, sentiram necessidade de recorrer aos nossos serviços para acelerar ainda mais aquilo que já estava pensado, ou mesmo para começar novos projetos, por forma a melhorarem substancialmente a sua capacidade de resposta, não só aos seus clientes, aos seus colaboradores, como à nova regulação que estava e está a ser imposta”.

A par da mudança tecnológica há, contudo, outro desafio fundamental para as empresas. A gestão das equipas, a motivação e toda a estratégia operacional que muda com o recurso total ou parcial ao teletrabalho. “É necessário acautelar que eventuais alterações mais estruturais não sejam uma ameaça à cultural organizacional”, alerta Mário Vaz. O CEO da Vodafone destaca que é preciso garantir os ingredientes básicos do sucesso das organizações e da felicidade e bem-estar das pessoas no mercado laboral, como o espírito de equipa, a partilha de valores, a aprendizagem e o intercâmbio de conhecimentos. Caso contrário, acrescenta, “numa analogia entre o mundo laboral e o sistema de ensino, estaríamos perante uma situação em que as crianças aprenderiam a ler e a escrever sem nunca ter ido à escola. Estaríamos perante uma antítese à inovação e disrupção”. No fundo, como refere José Manuel Paraíso, “as ferramentas digitais devem permitir uma experiência positiva do colaborador e apoiar a inovação e a produtividade das pessoas”.

Este é um desafio e um trabalho em progresso, mas a realidade incontornável é de que já não é possível dar um passo atrás. Uma meta que impõe a todo o tecido empresarial que prepare os seus negócios para a era digital. De que forma? Esta será a questão fundamental a que o Momento Expresso, debate inserido na conferência Think Summit 2020, procurará dar resposta. Conduzido pela jornalista da SIC, Clara de Sousa, e com convidados de vários sectores, “A importância da tecnologia em tempos de pandemia e no futuro das empresas” será o tema em cima da mesa. Em conversa estarão Mário Vaz (Vodafone Portugal), Pedro Leitão (Banco Montepio), Sofia Tenreiro (Galp) e José Manuel Paraíso (IBM Portugal).