A pandemia levou a uma paragem forçada da economia e, consequentemente, a uma redução das emissões de CO2 e também dos consumos de petróleo e de eletricidade em todo o mundo. Contudo, não foi o suficiente para abrandar os impactos das alterações climáticas que se têm verificado - e até agravado - nos últimos anos. Por exemplo, em maio, quando ainda muitas cidades no mundo estavam em quarentena ou em estado de emergência ou calamidade, a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera chegou ao nível mais alto de sempre, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, atingindo as 417,1 partes por milhão. E, em setembro - já numa fase de desconfinamento quase total - o consumo de eletricidade ficou “muito próximo do verificado no mesmo mês do ano anterior, tal como tinha acontecido em agosto”, diz a Rede Energéticas Nacionais (REN). Ou seja, a pouco e pouco, as reduções que se verificaram nos primeiros três meses de covid-19 estão a dissipar-se, mostrando que as medidas de descarbonização que estão previstas implementar até 2050 já não são sequer para manter, mas sim para intensificar.
Este reforço é particularmente visível na Europa, como foi anunciado pela Comissão Europeia há três semanas. A partir de agora, o plano para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa já não é de 40% até 2030, mas de, pelo menos, 55%, para que seja possível alcançar a neutralidade climática em 2050. “Enquanto grande parte da actividade mundial parou durante as quarentenas, o planeta continuou a ficar perigosamente mais quente. E vemo-lo em todo o lado: desde as casas evacuadas devido ao colapso do glaciar do Monte Branco [nos Alpes] aos fogos no Oregon [EUA] e às culturas destruídas na Roménia pela seca mais severa das últimas décadas. Não chegaremos lá com o status quo. Temos de andar mais depressa e de fazer melhor”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen no seu discurso do estado da União, a 16 de setembro.
Em Portugal, que foi um dos primeiros países a comprometer-se com a neutralidade carbónica até 2050 e que é reconhecido como um dos países com melhor desempenho na implementação de energias renováveis e da transição energética, atingir estas metas ambiciosas implica aprofundar o que se tem feito até agora. Mas para isso é necessário investir em novos parques eólicos e solares, investir nas redes de energia e em combustíveis alternativos, como foi referido ainda esta semana por vários dos intervenientes do sector numa conferência que a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) realizou no início desta semana.
Com estes novos desafios energéticos em cima da mesa, o Expresso e a BP juntaram-se para organizar o projeto “50 para 2050”, um conjunto de dez debates digitais que, como o nome sugere, juntará um total de 50 oradores (cinco em cada debate) para discutir as alterações climáticas e o futuro do sector até 2050. Um painel que será sempre eclético e juntará empresas, académicos e associações de dentro e de fora do sector, para que possa existir um contributo sobre os impactos sociais desta transição energética.
O projeto arranca na próxima terça-feira, 13 de outubro, e prolonga-se até final de fevereiro de 2021, com um intervalo em dezembro. Ou seja, haverá dois ciclos de debates, sendo que apenas o primeiro tem já as datas e os temas totalmente definidos. Assim, o primeiro destes encontros - que serão transmitidos no Facebook do Expresso, sempre à terça-feira às 11h00 -, acontece a 13 de outubro e será sobre o tema “reinventar a energia”. A 20 de outubro será “os grandes impactos das alterações climáticas em Portugal”, a 27 de outubro discutir-se-á “o roteiro de descarbonização português”, a 3 de novembro será a vez da “transição energética de Portugal” e a 10 de novembro a “mobilidade futura nas cidades”.
Além do debate digital, poderá também ler as conclusões do encontro no site do Expresso e, no final de cada ciclo, um resumo na edição impressa.