1. Novos modelos de gestão
A saúde é um dos sectores que mais vive da proximidade mas, de repente, viu-se obrigado a promover a distância entre utentes e entre profissionais. “A distância passou a ser uma necessidade em vez de uma conveniência/preferência”, diz a Accenture. Perante esta realidade, as instituições e administrações estão agora a repensar os modelos de negócio sendo que, uma das formas de promover essa distância é através da digitalização e da inteligência artificial. Será preciso, no entanto, colmatar as limitações digitais que ainda existem nos profissionais do sector e promover a sua relação com robots e máquinas.
2. Consultas digitais disparam
A digitalização já tinha chegado ao sector da saúde, mas as inovações tecnológicas estavam a surgir de forma faseada e ponderada, contudo, com a pandemia, tudo isso foi acelerado. “As pessoas apoiavam-se na tecnologia, mas com a pandemia ela passou a ser uma espécie de salva-vidas. Tornou-se necessário para receber cuidados de saúde, para aceder a informação sobre o virus. (…) O covid não travou a inovação digital, amplificou-o para níveis históricos”, pode ler-se num estudo da consultora. Estima-se que, no futuro uma em cada três consultas sejam virtual. Antes da pandemia era uma em cada 20.
3. A ascensão dos robots
Os robots que estão e vão ser desenvolvidos para ser usados na saúde não são semelhantes aos humanos, mas sim semelhantes com os droids da “Guerra das Estrelas”. Seja como for, o objetivo destes robots é dar apoio aos serviços, à gestão e aos profissionais do sector. Há já vários exemplos de robots a funcionar em hospitais em todo o mundo e, com o covid, introduziram-se robots para ajudar a cumprir as normas de segurança e o distanciamento social. Por exemplo, em Singapura, as autoridades usaram um cão robot para patrulhar os espaços públicos e garantir que as pessoas iam para casa ou mantinham a distância uma das outras. Nos EUA e no Reino Unido há um robot que ajuda a combater o isolamento porque foi programado para cantar e contar histórias e até para anunciar os números do Bingo. E há ainda robots que desinfectam os quartos ou que medem a temperatura. Uma inovação e tendência que se irá manter e propagar nos próximos anos e com a qual não se pretende tirar empregos aos humanos, mas sim aliviá-los e permitir que se eles se foquem noutras funções mais relevantes.
4. Diagnóstico e prevenção digital
Os robots e as consultas não são as únicas inovações tecnológicas na saúde. Há já várias aplicações criadas para ajudar a combater a propagação do covid-19, por exemplo, “algoritmos que identificam e classificam a gravidade da tosse e que alertam se houver dificuldades respiratórias”, diz a Accenture. Mas há também aplicações criadas para ajudar a combater outras doenças, como uma do relógio da Apple que mostra o ritmo cardíaco.
5. Colmatar a falta de pessoal
A pandemia veio expôr, em alguns casos de forma dramática, as fragilidades do sector da saúde, como a falta de pessoal. Esta realidade foi evidente em Portugal e em quase todos os países desenvolvidos, levando muitos profissionais à exaustão. Nos EUA, o covid-19 demonstrou que são necessários 20 vezes mais enfermeiros do que os que havia no ano passado, não só porque não havia pessoal suficiente, mas também porque foram muitos os profissionais que ficaram doentes. De acordo com a consultora, em meados de abril, também nos EUA, havia nove mil trabalhadores da saúde com covid-19 que estavam no hospital ou em casa, de quarentena.
Esta falta de pessoal obrigou os gestores a repensar as condições de trabalho destes profissionais, nomeadamente a necessidade de apostar em mais formação, de aumentar os salários, e de ter uma força de trabalho mais elástica que se adapte de forma mais rápida às situações, sem prejuízo para os doentes e para os próprios.
6. Ventiladores produzidos fora do sector
Outra das fragilidades que a pandemia trouxe foi a falta de ventiladores mas, ao contrário da falta de pessoal, esta fragilidade foi colmatada de forma mais rápida, com um aumento da produção. Não só por parte das empresas especializadas neste tipo de equipamentos, mas também por parte de empresas de fora do sector. Por exemplo, a fabricante de automóveis General Motors fez uma parceria com a Ventec Life Systems para produzir centenas de ventiladores. Em Portugal, o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (Citeve) e o Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel (CEIIA) foram um exemplo de organizações que reorientaram o seu trabalho para a produção de ventiladores, mas também de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como viseiras.
Esta tendência de empresas de fora do sector estarem a contribuir para a produção ventiladores, EPI e camas poderá manter-se por mais algum tempo e até com outros tipo de equipamentos, até porque os custos financeiros do covid-19 têm sido elevados. Segundo a Accenture, estima-se que, nos EUA, as perdas atinjam os 2800 dólares por cada caso.